Dona Tiburtina: uma história de dedicação e força - Rede Gazeta de Comunicação

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Dona Tiburtina: uma história de dedicação e força

Sem sombra de dúvidas, Dona Tiburtina foi uma mulher forte e decidida. Sua personalidade guerreira, somada às suas posições políticas, colocaram-na em uma posição de destaque na história.    

De acordo com a tese de mestrado da Professora Doutora em História Fátima Nascimento, Tiburtina Andrade Alves nasceu em Itamarandiba, Minas Gerais, no Vale do Jequitinhonha, em 30 de agosto de 1873. Filha do Capitão Manoel Florentino de Andrade Câmara e Dona Henriqueta Leocádio de Mello, Dona Tiburtina sempre apresentou uma personalidade forte e desafiadora.

Teve dois casamentos. Antônio Augusto Câmara Alkmim, filho de José Maria Alkmim, foi seu primeiro marido. Os pais de Dona Tiburtina não olhavam com bons olhos essa união, pois Antônio era boêmio e, reza a lenda, não gostava de trabalhar. Informações não confirmadas relatam que ele, que era primo de Dona Tiburtina, sofria com alcoolismo.

Em 1902, o casal se muda para Montes Claros. Logo após, Antônio falece. Para se sustentar na cidade, começou a trabalhar como costureira. Com esse ofício, ela começa a atender a alta sociedade montes-clarense.  E foi nesse momento que Dona Tiburtina conhece seu segundo marido: Dr. João Alves.

Na oportunidade, ele havia contratado os serviços de uma costureira para consertar algumas roupas de seu guarda-roupa. Quando viu Dona Tiburtina, bela e formosa com seus trinta e quatro anos de idade, ficou encantado e apaixonado.  Eles oficializaram a união em 1907.

Como seu marido era envolvido em assuntos políticos, não demorou muito para ela se interessar também pelo tema. Um fato dramático estreitou ainda mais o casal com a política. Após o nascimento do primeiro filho do casal, o sogro, o Coronel Marciano Alves, foi assassinado. Tiburtina não mediu esforços para descobrir e punir o grupo responsável. A partir desse momento, ela e o marido tomaram a frente da política de Montes Claros. Filiou-se à Aliança Liberal e fez oposição aos coronéis conservadores da região.

Segundo registros do site do Museu Regional do Norte de Minas, Dona Tiburtina lá pelos idos de 1930, lutava contra as oligarquias locais. Muitos historiadores relacionam essa ação como sua participação na Revolução de 1930, que culminou com a posse de Getúlio Vargas como presidente da Nova República.

Um fato acontecido na cidade colocaria Montes Claros e Dona Tiburtina em evidência nacional. Acontece que no dia seis de fevereiro de 1930 houve um grande tiroteio que quase ceifou a vida do então vice-presidente da República Fernando Melo Viana, que visitava Montes Claros, convidado para participar, naquela data, de um congresso para tratar da produção de algodão no Norte de Minas Gerais.

Segundo Fátima Nascimento, nesse dia, participantes da Concentração Conservadora, movimento fundado que fundado no Estado para fazer frente à Aliança Liberal, saíram em passeata lançando fogos de artifícios em frente do Automóvel Clube, antiga residência de Dona Tiburtina e seu esposo: “um desses explosivos acertou Dr. João Alves, que começou a sangrar. Foi Dona Tiburtina que prontamente o acudiu naquele momento. A partir daí, inicia-se o tiroteio de fato”.

Nesse episódio, morreram seis pessoas. De acordo com a historiadora, a imprensa da época atribuiu a Dona Tiburtina a responsabilidade pelo tiroteio e a acusou de ter armado uma tocaia: “acusaram ela, inclusive, de ser a mandante dos assassinatos”, acrescenta Fátima.

Esse boato acabou tomando proporções nacionais e Montes Claros e Dona Tiburtina acabaram sendo conhecidos em todo o país. Dona Tiburtina faleceu no dia 20 de abril de 1955 aos 81 anos. (Ascom PMMC)

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