Dia 16 de abril. Dia mundial da Voz. - Rede Gazeta de Comunicação
Dia 16 de abril. Dia mundial da Voz.

A ciência da voz traz a cada dia inúmeras publicações de artigos científicos que consolidam a importância da voz na saúde física e mental.

A voz é uma grande aliada, atuando como coadjuvante na melhora física (no que se refere a capacidade pulmonar), melhora do humor, ansiedade, depressão, bem como de distúrbios cognitivos, como a forma leve do Alzheimer.

O exercício do canto aumenta e potencializa a performance vocal, elevando a sua capacidade respiratória e qualificando e ampliando sua tessitura para um melhor desempenho. Dos profissionais da voz (aqueles que dependem da voz para seu sustento), além de exercícios apropriados, devem seguir as regras da saúde vocal para manter a tonicidade muscular das pregas vocais.

Na infância, dos 06 anos ao início da puberdade, a voz dos meninos e meninas é muito parecida. Na puberdade ocorre um crescimento da laringe, que acompanha o crescimento corporal e que está associado a ação dos hormônios. Nos meninos este crescimento é muito maior, a voz torna- se mais grave e grossa, em torno dos 14-15 anos, sendo que suas pregas vocais podem alongar-se.

Na fase adulta a voz é mais estável e apresenta características próprias de cada sexo.

Na terceira idade, o grau de deterioração vocal depende de cada um, seus históricos, fatores raciais, hereditários, mudanças hormonais da menopausa e hábitos de vida.

Com as mudanças hormonais a musculatura perde a tonicidade, as articulações tendem a enrijecer, e a capacidade respiratória não é a mesma pois os pulmões perdem a parte da capacidade ventilatória e determina possíveis desordens associadas. Ha também a atrofia da musculatura laríngea que pode determinar “tremor” vocal bem como calcificações na cartilagem da laringe, causando prejuízo na extensão vocal, causando cansaço.

Em caso de envelhecimento, depende de sua estrutura do trato vocal e seu uso.  Alterações vocais frequentes no processo de envelhecimento já que o período de máxima eficiência vocal vai dos 25 aos 40 anos, aproximadamente.

Tudo depende de cada indivíduo, sua saúde física e psicológica, porque as mudanças relacionadas a idade são especificas em cada um e em cada órgão, em momentos diferentes e com um ritmo diferente. Com os avanços da medicina permitem que se aumente a cada dia a qualidade de vida e melhores condições para se desfrutar dos prazeres da vida.

Hoje, o tratamento multidisciplinar dos distúrbios da voz reúne principalmente médicos otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos e professores de canto.

Alguns cuidados gerais da higiene vocal e do canto:

  • Adequada ingestão de líquidos (cerca de 30 a 35 mililitros de água por quilograma de peso corporal, na ausência de contraindicação).
  • Realizar escalas musicais ascendentes e descendentes, com modulação em semitons.
  • Manter o aquecimento e desaquecimento antes e depois do canto.
  • Precaução com o refluxo esofagogástrico, pois de maneira crônica, pode determinar lesão na hipofaringe.
  • Manter a postura observando a cintura escapular e pélvica.
  • Não manter o excesso de contração da mandíbula (dos grupamentos musculares que elevam e abaixam).
  • Manter a língua baixa na base do mandíbula.
  • Evite gritar ou falar frequentemente em forte intensidade: sempre que possível procure se aproximar do outro para conversar. Evite competição sonora: ao falar, abaixe o volume da TV e/ou do som.
  • O consumo de álcool, cigarro e drogas também prejudicam a voz.
  • Atividade física de atrito não é recomendada.
  • Alimentação equilibrada;
  • Evitar exposição em mudança brusca de temperatura.
  • Eventualmente agregar vitaminas polivalentes e vacinas.
  • Diuréticos e calmantes, ressecam as mucosas causando imprecisão articulatória.
  • Manter o eixo vertical entre coluna cervical e coluna torácica.
  • Repouso e sono relaxante são indispensáveis às exigências da voz profissionais.
  • Não se auto-medique. É muito importante consultar o médico.
  • Mais de duas semanas de rouquidão procure o otorrinolaringologista.

 Em relação à saúde mental, pacientes com depressão frequentemente apresentam distúrbios da função nervosa autonômica, e o tônus ​​muscular do trato vocal pode ser afetado pela doença.

Foi demonstrado que cantar, especialmente em grupo, traz benefícios significativos para a saúde mental, incluindo a redução dos sintomas de ansiedade e depressão, quando adicionada ao tratamento padrão. Num ensaio clínico randomizado envolvendo idosos, descobriu-se que o canto em grupo melhora a qualidade de vida relacionada à saúde mental, com diferenças significativas observadas em termos de ansiedade e depressão.Outro estudo descobriu que um programa de canto baseado na comunidade resultou numa redução significativa dos sintomas de depressão e num aumento da resiliência, do sentido de ligação e do social.

Em um estudo, os participantes que realizavam atividades musicais apresentaram maior melhora nos sintomas de depressão e ansiedade e no funcionamento geral no acompanhamento de 3 meses em comparação com aqueles que receberam tratamento padrão.

Há também publicações recentes que as intervenções de canto e pintura reduzem a dor e melhoram o humor, a qualidade de vida e a cognição em pacientes com Alzheimer leve.  A intervenção musical envolvendo canto resultou e, uma melhoria do humor, orientação e a memória em pessoas com demência.

Estas descobertas sugerem que cantar, particularmente em grupo, pode ser uma intervenção valiosa para melhorar a saúde mental e reduzir os sintomas de ansiedade e depressão.

Clarice Maciel Sousa Chaves

Cantora lírica e professora de canto há mais de 35 anos

Diretora e professora do Centro de Arte Viva

Graduada em música pelo Conservatória Brasileiro de Música, Rio de Janeiro, RJ

Mestrado pela Campbellsville University – Kentucky, USA

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