Pesquisa levanta perfil do responsável pela energia elétrica em Montes Claros - Rede Gazeta de Comunicação

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Pesquisa levanta perfil do responsável pela energia elétrica em Montes Claros

GIRLENO ALENCAR

A história do coronel Francisco Ribeiro, responsável pela chegada da energia elétrica a Montes Claros será discutida no projeto “Montes Claros em Perfil”, criado pela jornalista Larissa Paixão Durães. Ribeiro ainda comandou a articulação para unir rivais na chegada da ferrovia à cidade. O resgate dos feitos pessoais do coronel Francisco Ribeiro, figura política com responsabilidade direta em diversas ações progressistas da Montes Claros no início do século XX, é a primeira contribuição da Unimontes para o novo trabalho virtual de valorização das narrativas históricas do município. A primeira discussão ocorreu em janeiro com a história do deputado federal José Esteves Rodrigues e teve como entrevistado o jornalista e escritor Itamaury Telles, do Instituto Histórico.

O coronel Francisco Ribeiro é o segundo personagem em destaque, apresentado pelo professor César Henrique Queiroz Porto, do Departamento de História e do Núcleo de História Regional (Nuhicre). A proposta é de contar a história antiga de Montes Claros a partir da narrativa construída por pessoas que fazem a história no presente”, explica Larissa Durães. A transmissão acontece pelo YouTube, pelo Canal 7 Cinco TV (http://bit.do/Coronel_FcoRibeiro). O segundo programa foi lançado no último dia 6. “Ele foi uma figura política cuja memória está ligada ao imaginário do progresso de Montes Claros. Foi professor, empresário, fazendeiro e líder político, mas com uma característica bem diferente ao estilo coronelista da época. Ao invés das rixas, tornou-se um exímio articulador e apaziguador entre os grupos políticos”, adianta o professor César Porto.

Francisco Ribeiro nasceu em 1873, em Coração de Jesus, e se mudou para Montes Claros com o pai, major Simeão Ribeiro de Souza – este que viria a ser o agente executivo (prefeito) entre 1897 e 1900. “Ser progressista parecia ser como algo da família. O major Simeão foi o responsável pela construção do Mercado Municipal, o que foi uma revolução para a cidade naquela época”, completa. Formado no ginasial, Francisco Ribeiro retornou para a cidade natal, onde foi professor e inspetor escolar, mas com vínculos políticos também, se tornando um dos responsáveis pela emancipação de Coração de Jesus (então Vila de Inconfidência). No retorno a Montes Claros, tornou-se rapidamente uma pessoa influente por causa da atuação como pecuarista e empresário – dono de duas das maiores fábricas de tecelagem. Justamente, por causa dos empreendimentos, assumiu a responsabilidade de trazer para a cidade a energia elétrica.

“Em 1920, como o historiador Hermes de Paula nos conta em uma de suas obras, o coronel Francisco Ribeiro já era o homem mais rico da cidade. Anos antes, assumiria o papel de trazer a iluminação pública para Montes Claros, em 1917, embora funcionasse somente por algumas horas da noite”, acrescenta Porto.

Professor destaca que foi na política que Ribeiro revelou outras virtudes e se tornou o principal articulador de um dos maiores acordos políticos de Montes Claros. “Era o início da década de 1920 e as desavenças dos grupos locais incomodava o comando do Estado, mas as interferências de fora eram em vão e havia até mesmo disputas em tiroteios”, explica o historiador. “Até curioso falar isso, mas ele foi um coronel pacificador, longe do estereótipo da época. A articulação dele, reunindo líderes locais como Honorato Alves e Camilo Prates, foi determinante para uma trégua porque havia uma grande expectativa na cidade para a chegada da ferrovia. A linha férrea era vista como um divisor de águas para o desenvolvimento local, especialmente para pecuaristas como ele, que poderiam negociar os rebanhos com os grandes centros e com um transporte muito mais rápido e eficiente”. No entanto, o coronel Francisco Ribeiro não pode ver o primeiro trem chegar a Montes Claros. Faleceu meses antes, em 1923, aos 50 anos, após um mal súbito cardíaco.

PROJETO – Segundo a jornalista Larissa Durães, o projeto “Montes Claros em Perfil” ainda tem o formato independente e busca parceiros para a sequência do roteiro, que prevê 12 entrevistas na primeira temporada. “Toda produção ainda é voluntária e conto com o apoio diria solidário de duas pessoas próximas (Luciana Brant e Antônio Pivanti) para a edição das imagens, finalização e publicação. O projeto nasce da paixão que tenho pela história da minha cidade e que precisa ser preservada. Sou grata pela receptividade dos primeiros entrevistados, que acreditaram em algo novo e espero que possa contar com outros profissionais que têm acesso e domínio dos conteúdos propostos, além de pessoas que queiram ajudar na qualidade de produção dos vídeos”, pontua a jornalista.

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