Lá se foi mais um! - Rede Gazeta de Comunicação
Lá se foi mais um!

JARBAS OLIVEIRA

Membro da Academia Montesclarense de Letras e da Academia Maçônica de Letras

Eu costumo repetir uma frase que meu sogro Antônio Pernambucano dizia sempre que alguém lhe noticiava a morte de alguma pessoa conhecida: “para morrer basta estar vivo”. Esta frase soa estranha, frívola, absurda, inconsequente, sem compaixão, contudo, caro leitor, é a mais pura verdade. Não me esqueço de uma famosa frase bíblica em que Jesus disse a um seguidor: “Deixe que os mortos enterrem seus mortos” Lucas 9,51-62. Ou ainda: “Na casa do meu Pai há muitas moradas” João 14,2. Neste ponto, deixo que cada um busque o seu próprio escólio.

É, Nego Elias! Cá estou novamente invocando a sua atenção para receber, amparar e até mesmo interceder, se preciso for, junto ao nosso irmão Jesus Cristo, rogando-lhe o perdão e o acolhimento de mais um amigo que se foi. Desta vez, trata-se de o seu duplamente compadre Sérgio Mendes – Sérgio de Conceição. Este, com o seu vozeirão e atitudes imediatas, que lhes são peculiares, já chegará tomando espaços. Com ele no pedaço não sobra afazeres para mais ninguém. Nem precisava dizer isso, pois você o conhece muito bem.

Fico cá, imaginando e até mesmo escutando você me repreendendo: “Ora, Jarbas Oliveira, como é que você é besta assim, meu amigo? Quem é que não conhece Sérgio de Conceição? Sérgio, onde passa, mais parece um furacão. Olha, vou contar só pra você, presta atenção, viu! Você nem faz ideia da farra e da festa que fizemos, aqui no céu, quando Sérgio Mendes chegou. Bolivar de Dilva, lembra-se dele? Pois é! Tomou da sua gaita e foi logo soprando, enquanto Dito e Dária entoavam: Pode entrar a casa é sua, aleluia, lado a lado viveremos, aleluia! Lígia de Ladim sem esperar a música terminar já emendou: Quem é que vai?… Quem é que vai?… Sérgio sentindo-se convidado, soltou o verbo: Eu vou, eu vou… Aí meu amigo, um coral entoou a terceira voz: Quem é que vai nessa barca de Jesus? Quem é que vai? – Dito de Dária dedilhava um violão que o bicho parecia falar, tocava e cantava. Passada a cantoria, Pedro Mameluque pediu a palavra e fez uma oratória de fazer inveja. Sabe quem o recebeu no pórtico de entrada? Jesus! E não estava sozinho não, o senhor Geraldo e Dona Elcídia, pais de Sergio, ladeavam Jesus. Foi muito emocionante, indescritível. Sérgio chorou igual menino, mas não foi só ele não, nós todos também, mas o choro é diferente, é choro de alegria. Ê, menino! Cheguei a arrepiar! Olha! Não dá nem para nomear ou enumerar a quantidade de gente que veio para a festa de Sérgio”.

É, Nego Elias! Enquanto aí, em cima, tá uma festa danada, aqui é só tristeza. Sérgio subiu, mas deixou um vazio, um vácuo, uma lacuna enorme cá entre nós. O laço que nos une aos nossos entes queridos nos impede de festejarmos a partida para o outro lado da vida. Ainda assim, ousamos proclamar seguidores de Cristo que disse: “Meu reino não é deste mundo” João 18,36. De minha parte, vou ficando por aqui, até chegar a minha vez.

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