Se a análise individual para cada tipo da doença é igual, o cenário é diferente. O número de casos de Leishmaniose Visceral no HUCF caiu 50,8% de um ano para outro. Em 2019, foram 185 atendimentos. No ano passado, o Hospital teve apenas 91 registros. Esta é a forma mais grave da doença e, dentre seus sintomas, destaca-se a febre irregular e de longa duração, além do aumento do tamanho do fígado e baço, falta de apetite, perda de peso, anemia e sensação de fraqueza.
Já em relação à Leishmaniose Cutânea, também chamada de Tegumentar, houve um aumento na incidência em 5,3%. Passou de 264 em 2019 para 278 casos atendidos no HUCF em 2020. Há, ainda, o subtipo Cutaneomucosa, com o registro ainda maior: subiu 60% entre os dois anos, passando de 50 casos em 2019 para 80 em 2020.
Leishmaniose cutânea: apresenta como principais sintomas erupções cutâneas, principalmente no nariz, boca e garganta. As lesões possuem o formato ovalado, a cor avermelhada, as bordas elevadas e delimitadas e, geralmente, indolores. É importante observar também que, cerca de duas semanas após a picada do mosquito, pode surgir no local uma elevação avermelhada, formando em seguida uma lesão com uma crosta ou secreção.
E os casos não especificados (NE) do tipo da Leishmaniose dobraram no mesmo período, de 5 (2019) para 10 atendimentos (2020).
O tratamento tanto para a leishmaniose visceral quanto tegumentar é disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O diagnóstico da doença e o tratamento precoce são extremamente importantes, pois essa doença apresenta alta taxa de mortalidade, segundo explica a médica infectologista Lívia Gomes de Figueiredo.
A profissional vai mais além e considera que, com a chegada do novo coronavírus e a situação de pandemia e de isolamento social, as pessoas permaneceram a maior parte do tempo em casa e, de certa forma, se descuidaram, o que pode ter agravado o problema.
“Com a pandemia em 2020 e a necessidade de isolamento social, as pessoas ficaram por mais tempo em casa e, com possível relaxamento nos cuidados, tiveram maior exposição ao vetor, refletido no aumento de número de diagnósticos da Leishmaniose Cutânea e Cutaneomucosa”, destaca a infectologista.
Ainda conforme a médica, outra medida determinante está na necessidade de monitorar a população de cães, controlar a proliferação do inseto vetor e evitar a picada do mosquito palha. “São ações tanto de proteção individual como de manejo do ambiente”, acrescentou.
A Leishmaniose é uma doença infecciosa causa pelo protozoário do gênero leishmania e a transmissão acontece por meio da picada do mosquito-palha. Os animais domésticos, sendo os cães os mais comuns, são os hospedeiros da doença.
O Norte de Minas é considerada como região endêmica por causa das condições climáticas consideradas favoráveis para a proliferação do inseto (calor intenso e tempo seco na maior parte do ano).
Diagnóstico e tratamento da leishmaniose
O diagnóstico da leishmaniose é realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, sendo que esses podem envolver, por exemplo, técnicas imunológicas e parasitológicas. O tratamento deve ser realizado com a utilização de medicamentos indicados pelo médico. Repouso e boa alimentação também são importantes para o tratamento, sendo que, no caso da leishmaniose visceral, uma boa higiene pode auxiliar na prevenção contra o surgimento de lesões.
Proteção individual – uso de mosquiteiro com malha fina, de tela de portas e janelas com malha fina e de repelentes, além de não se expor nos horários de atividade do vetor (crepúsculo e à noite). O manejo ideal está na limpeza de quintais, terrenos e praças públicas (recolhendo folhas e galhos), eliminar resíduos sólidos orgânicos e dar destino adequado ao lixo, evitar sombreamento excessivo e eliminar fontes de umidade.
Medidas de controle da população canina – manejo de cães em situação de rua, estímulo da posse responsável de animais domésticos, canis telados com malha fina que evite acesso de insetos e coleiras com o inseticida Deltametrina a 4% (como medida auxiliar de prevenção da doença nos cães).
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