Assembleia reconhece Cavalhadas como de relevante interesse cultural - Rede Gazeta de Comunicação
Assembleia reconhece Cavalhadas como de relevante interesse cultural

GIRLENO ALENCAR

A Assembleia Legislativa de Minas Gerais decreta a Lei 1.369, de 2019, onde reconhece como de relevante interesse cultural do Estado os Festejos de Cavalhadas, em Brejo do Amparo, no Município de Januária. O projeto foi de autoria do deputado Zé Reis. Os Festejos de Cavalhadas de Brejo do Amparo são realizadas anualmente durante o mês de setembro, no distrito de Brejo do Amparo, em Januária. Compete ao Poder Executivo a adoção das medidas cabíveis para o registro do bem cultural de que trata esta lei, nos termos da legislação em vigor. O deputado Zé Reis, vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça e vice-líder do Bloco Liberdade e Progresso explica que em Brejo do Amparo, existe, desde 1851, uma celebração, denominada Cavalhadas. Encena-se uma batalha que teria acontecido na Península Ibérica, durante a Idade Média, porque a rainha moura Florípedes queria ser batizada e converter-se ao cristianismo.

A representação envolve dois grupos de oito cavaleiros, em traje de gala, que montam belos animais adornados com fitas coloridas e arreios cuidadosamente polidos. Na primeira noite, há levantamento de mastro, apresentação de banda de música e espetáculo pirotécnico. Em seguida, os cavaleiros com farda branca desfilam em círculo, carregando uma tocha acesa. O rei dos cristãos e o dos mouros dirige-se ao palanque montado como uma sala de trono. O primeiro usa luxuosa roupa azul, coroa e capa com uma cruz, enquanto o outro segue o mesmo padrão, mas em vermelho e sol bordado nesse complemento do vestuário.

Uma moça representa Florípedes, que deseja a conversão ao cristianismo. Um general cristão, de dentro de uma briga romana, desafia o rei mouro dizendo que raptará a rainha para batizá-la. O soberano afirma que isso não acontecerá. Aproveitando momentânea ausência do adversário, o militar conduz Florípedes para seu veículo, partindo para fora da arena. Os cavaleiros cristãos dão cobertura à fuga. Um deles desfila garbosamente pela arena, enquanto os mouros chegam e postam-se do outro lado. Começa a simulação da luta, em que duplas partem de seu ponto para confrontar as adversárias no centro. Disparam seu bacamarte para o chão e logo se dispersam para dar uma volta próximo à plateia e retornar ao seu posto na extremidade da arena. A banda de música toca sem parar, e os cavaleiros mostram destreza na montaria e no controle dos animais, apresentando diferentes tipos de galope. Essa encenação ocorre várias vezes até o fim do espetáculo do primeiro dia.

No sábado, há entrada solene dos dois reis, sendo a rainha acompanhada até o trono pelo rei Carlos Magno. Duplas de cavaleiros das duas equipes vão e voltam pela arena simulando batalha, como no dia anterior. Dois palhaços ameaçam o exército adversário. O general cristão desafia o rei mouro para que ele aceite a conversão ao cristianismo e o casamento de Florípedes com Carlos Magno. No terceiro dia, há missa na igreja Nossa Senhora do Amparo seguida de procissão com o crucifixo e os mastros das equipes. O bispo batiza simbolicamente os mouros pela conversão ao cristianismo e joga água benta nos cristãos. Carlos Magno fala, ao lado de Florípedes, sobre fraternidade e amor em Cristo, exaltando a vitória dos cavaleiros cristãos. O rei mouro aceita essas ponderações. O líder do evento sorteia, entre os inscritos, os protagonistas para a celebração seguinte, entregando faixas de imperatriz a senhoras da comunidade e presenteando os guerreiros com uma garrafa de excelente cachaça local.

Os festejos tiveram inicio no Brasil a partir do século XVII, chegando ao Brejo do Amparo em razão da festa do Divino. Com o tempo, esta peça teatral tornou-se um dos maiores espetáculos do interior mineiro. Por entender ser esta uma festa de grande relevância para o Estado de Minas, conto com o apoio dos nobres pares para aprovação deste projeto de lei.

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