GIRLENO ALENCAR
O crescimento de áreas desérticas no semiárido brasileiro tem aumentado mais rápido do que se imaginava devido à mudança climática. O alerta faz parte do novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em agosto, e que apontou outros problemas climáticos no mundo. A projeção do IPCC é que até 2030 a temperatura média do planeta suba 1,5°C, e com isso algumas regiões do semiárido brasileiro podem chegar a ultrapassar 40°C durante o verão.
O novo relatório mostra que a região do semiárido, que abarca grande parte do Nordeste e uma porção de Minas Gerais, em área correspondente à bacia hidrográfica do Rio São Francisco, tem enfrentado secas mais intensas e temperaturas mais altas. Os extremos climáticos degradam o solo, tornando impossível a vida. O IPCC chama atenção para a possibilidade de desertificação no Brasil desde o relatório anterior, pulicado em 2019. Apesar das secas mais constantes e aumento das temperaturas no semiárido, o país ainda não tem nenhuma área considerada de clima desértico – para isso é preciso que o índice de chuvas seja inferior a 250 milímetros por ano e quase não haja sobrevivência.
No entanto, uma área considerável da região já desertificada, ou seja, com solo degradado, seca excessiva e paisagens que lembram desertos se encontra na bacia do Rio São Francisco, no município de Cabrobó (PE). As outras regiões ficam nas cidades de Gilbués (PI), Irauçuba (CE) e Seridó (RN). A recuperação de áreas desertificadas é quase impossível e demandaria um investimento que o Brasil não tem condições de arcar, segundo o meteorologista e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Humberto Barbosa, que também coordena o Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis/UFAL). Desde 2012, o laboratório monitora a desertificação no semiárido.
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