Manejo alimentar foi a receita de sucesso em Verdelândia - Rede Gazeta de Comunicação
Manejo alimentar foi a receita de sucesso em Verdelândia

“O Rubem é um produtor exemplar. Anota tudo, está sempre presente, se capacita, se mostra muito aberto e a família está envolvida”; “eu estou satisfeito com tudo. A Ana é muito esforçada, ela se esforça para ver o empenho da gente, e todo mundo se incentiva”. Os elogios trocados entre Ana Cláudia Soares, técnica de campo do Programa Especial AgroNordeste e o produtor de leite Rubem Dário Rodrigues Leite, provam que o trabalho em equipe e o empenho em seguir as orientações foram fundamentais para o sucesso do empreendimento. O programa é uma parceria entre Senar, Anater e MAPA, sendo desenvolvido em Minas pelo Sistema Faemg/Senar/INAES.

Rubem é um dos 1.710 produtores assistidos pelo programa em Minas Gerais. Em 2010 o produtor de 50 anos, resolveu comprar uma propriedade em Verdelândia e investir na produção de bananas. Porém, com as dificuldades em obter lucratividade com as frutas, migrou para a bovinocultura de leite em 2019. Consciente de que precisava aprender mais sobre a nova atividade, buscou capacitação com o Senar e, há um ano, recebe assistência técnica e gerencial da zootecnista Ana Cláudia.

Quando o AgroNordeste chegou ao empreendimento, encontrou uma boa estrutura e bons animais, mas o manejo era deficiente, o que impactava na produtividade. A primeira providência foi a nutrição dos bovinos, como explica a técnica: “a dieta era de baixa qualidade. Ele tratava vacas com produção de 25 a 30 litros/dia com capiaçu ou silagem de sorgo, o que dava uma média de 300 litros/dia um ano atrás. Depois que iniciamos, plantamos milho para silagem e palma forrageira, implantada em parceria com a Universidade Estadual de Montes Claros. Hoje, a média diária é de 728 litros de leite, sem comprar mais animais. São 92 ao todo, e 100% do rebanho é inseminado”.

No início, a despesa de Rubem com concentrado tomava 80% de sua receita; hoje, o gasto está em torno de 23%. “Como ele começou a trabalhar com volumoso de excelente qualidade nutricional, ele diminuiu a quantidade de concentrado. Isso tem sido muito satisfatório principalmente agora, na pandemia, com o aumento de preço dos insumos”, conta Ana Cláudia, que classifica os resultados do produtor como bem expressivos para a região. “Ele é um exemplo porque intensificou a produção. Temos que buscar propriedades pequenas e produtivas, isso influencia na margem bruta de lucro. Não adianta ter muita terra e ela ser improdutiva”, analisa.

Melhorias na medida para o semiárido

A região de Verdelândia, onde Ana Cláudia Soares assiste 30 pecuaristas de leite, é bem heterogênea, de acordo com a profissional. Há produtores de todos os portes e investimentos, “mas são todos bem desenvolvidos, com cabeça aberta, procuram informações, telefonam, mandam mensagens. Eles tinham carência de assistência técnica e gerencial e hoje aproveitam muito o trabalho”, explica.

O analista técnico da Gerência de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg/Senar/INAES responsável pelo AgroNordeste em Minas, Ricardo Tuller, ressalta que o Norte de Minas tem muitas oportunidades de desenvolvimento e o programa tem sido muito bem empregado, trazendo melhorias para o semiárido de acordo com a demanda dos produtores – “principalmente bovinos de leite e de corte e avicultura, que, juntas, representam cerca de 70% dentro do projeto, dada a sua relevância para a região”, detalha.

“O AgroNordeste é de suma importância para que o produtor tenha ferramentas para conviver com a seca e desenvolver suas atividades com resiliência”, avalia o gerente regional do Sistema FAEMG em Montes Claros, Dirceu Martins. “Já temos resultados concretos em várias cadeias que provam a importância do programa, fomentando a transformação do produtor em empresário rural”, conclui. (RICARDO GUIMARÃES – Colaborador)

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Envolvimento familiar na adesão ao programa

A entrada no programa também impactou a família, como conta Rubem. A esposa, Marilene, os filhos Randerson Diego e Rainy Diane, e a neta Raniely Dafne, filha de Randerson, aproximaram-se ainda mais da atividade na fazenda e todos já colhem os frutos do trabalho. “Nós já pedimos muitos cursos do Senar, estamos sempre fazendo. Já fiz de vaqueiro, inseminação, alimentação para bovinos, operação de drone e derivados do leite, entre outros. Eu ou alguém da família sempre vai junto com os funcionários para fazer os treinamentos, assim todos adquirem o conhecimento”, contou.

Com o aprendizado em derivados do leite, o filho e a nora de Rubem compram parte da produção de leite do pai e já são reconhecidos na região pelos queijos e iogurtes. A filha Rainy também ajuda no corte da palma e a neta, Raniely, já fabrica doces para vender. Todos pretendem seguir na atividade no campo e, de acordo com Rubem, já planejam construir uma pequena agroindústria na fazenda e agregar valor aos produtos. “Tem muita coisa em construção ainda, estamos sempre melhorando um pouco. Quando a Ana Cláudia começou a trabalhar com a gente, fizemos um galpão, compramos uma máquina para cortar palma, tem a irrigação, estamos sempre inovando. Essa semana mesmo também já vou instalar a energia solar, que vai fazer nosso custo com isso cair pela metade”, contou o produtor, satisfeito.

Inovar sempre

Precavido, o pecuarista já está planejando a silagem para o ano que vem e aumentar a área do plantio de palma forrageira. “O que o terreno produzir de comida, vamos tentar converter em vacas em lactação”, informa Rubem. “No nosso próximo planejamento, para daqui a um ano, ele quer atingir 1.000 litros de leite/dia. Ele controla tudo certinho, anota tudo no caderno. Quando eu chego para a visita ele já me fala como foi o trabalho naquele mês e explica detalhes. Ele é muito ativo, participa muito”, elogia Ana Cláudia.

A fazenda é um exemplo tão bem-sucedido que já recepcionou um dia de campo do Programa AgroNordeste em novembro de 2020. Para julho, caso as restrições contra a Covid-19 permitam, vai receber mais um, quando os produtores da região serão convidados a conhecer as tecnologias de baixo custo e alta efetividade do programa. “Vamos mostrar essas melhorias para outros produtores da região, porque vimos que a procura tem sido grande”, conclui a técnica. (RG)

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