VINÍCIOS SANTOS
Dados divulgados recentemente mostram que, infelizmente, em muitos casos, o ciclo de violência sofrido pelas mulheres é instalado nos próprios lares das vítimas. Sabe-se que não é fácil romper com este ciclo, entretanto, uma vez rompido, os psicólogos afirmam as mulheres devem iniciar um processo de resgate da autoestima, auxiliadas por meio da ajuda de profissionais da área. Na maioria dos casos, somente os especialistas conseguem auxiliar as vítimas em busca de dar nomes às emoções. A partir de então, segundo os especialistas, é possível trabalhar a autoestima que quase sempre é prejudicada depois dos episódios de violência.
A professora do curso de psicologia, Laura Frade, afirma que, na mente da vítima, “o resultado da violência doméstica é similar ao que é gerado em campos de guerra”. Por essa razão, a instrução é que o terapeuta identifique em que grau desse quadro a paciente se encontra. “A pessoa que passa pelo processo de violência doméstica, quanto mais prolongado este for, mais tem respostas ao que seria um estresse pós-traumático. Retirar alguém dessa situação significa que ela precisa conhecer o que é a resposta que ela apresenta”, explica a especialista.
Laura acrescenta ainda que o psicólogo “precisa ter conhecimento do grau de profundidade do mal causado, saber se foi estresse agudo, crônico, e a vítima vai precisar ser retirada desse contexto: criar uma rede de apoio, coisa que é cortada, pois ela se sente sozinha, abandonada, já que essa é uma das estratégias do agressor, e construir memórias que podem ser agradáveis”.
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O estresse pós-traumático, mal reconhecido pela Classificação Internacional de Doenças, pode se manifestar por meio de medo ou terror, ativado após o evento que causou o choque. A vítima tem, entre outras dificuldades, lembranças vívidas do acontecido ou, então, se torna extremamente vigilante, como se o fato fosse se repetir.
Antes de se abrir para novos relacionamentos românticos, Laura ressalta que a vítima deve priorizar a compreensão sobre sua história. Isso significa, por exemplo, a tentativa de identificar um padrão na própria vida afetiva ou na vida de mulheres próximas de associação entre amor e sofrimento. “A primeira coisa que se precisa ponderar quando se pensa em novas relações é se está presente a transgeracionalidade. É um ato muito comum que compõe a violência doméstica e consiste em perceber se, no histórico, elas [as vítimas] têm outras mulheres na família que também tiveram relações violentas. Normalmente, têm. Diria que é quase um aprendizado doméstico, e esse aprendizado precisa ser superado. É a primeira coisa a ser reconhecida”.
A especialista finaliza afirmando que é fundamental tomar todos os detalhes postos, para que a vítima siga em frente, levando dos seus traumas apenas o aprendizado.
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