CIÊNCIA SE RESPONDE COM CIÊNCIA

Vi (e ouvi) pré-candidatos a prefeito de Montes Claros questionando o resultado da pesquisa do instituto SigDados, publicada pelo jornal Hoje em Dia no final de mês de maio. Isso é normal, faz parte do jogo, mas, alguém que pretende sentar na cadeira de chefe do executivo de uma das mais importantes cidades do Brasil, não pode ter o mesmo discurso de eleitor-torcedor. Achou a pesquisa inadequada? Questiona a amostra, a metodologia e apresenta comprovação do que está falando. O melhor, contudo, é contratar outra pesquisa e registrar. Isso poucos fazem, temerosos do resultado que o estudo pode apresentar.

A QUEM SERVE UMA PESQUISA REGISTRADA?

Nesta altura do campeonato, vésperas de convenções, pesquisas registradas servem para um pré-candidato mostrar que é viável e, principalmente, para que pré-candidaturas menores sejam desestimuladas ou desidratadas, já que a pesquisa acaba, mesmo que com muita antecedência, estimulando lideranças políticas a uma migração que se assemelha ao voto útil da reta final do pleito eleitoral. Por exemplo, se a liderança está disposta a apoiar um candidato de direita, mas vê que esse está pior posicionado que outro também da direita e que há algum risco, na visão da liderança, de que um candidato de esquerda possa ser beneficiada com seu apoio ao candidato pior colocado, ele vai no de direita que está à frente para evitar que o da esquerda vença.

ZEMA VICE?

Em evento no fim de semana no estado de Goiás, ao ser questionado sobre o assunto, o governador de Minas, Romeu Zema (NOVO), pré-candidato natural ao Palácio do Planalto em 2026, admitiu a possibilidade de compor chapa presidencial com o governador daquele estado, Ronaldo Caiado (UNIÃO BRASIL), como candidato a vice. Indagado, o governador respondeu que era uma possibilidade. Zema defendeu uma união dos governadores de centro-direita das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste visando o lançamento de um candidato comum. Desses, alguns estão no segundo mandato e tentarão novos ares. Além de Zema e Caiado, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, também tenta se colocar no debate nacional. Todos esses, porém, terão que combinar primeiro com Jair Bolsonaro (PL), que mesmo inelegível é o maior líder desse campo.

PSD E PT

O rápido crescimento do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), nas pesquisas de intenção de voto para o comando da capital mineira, se colocando como a alternativa mais viável para derrotar um candidato de extrema-direita, pode forçar o presidente Lula (PT) a costurar um acordo entre os partidos de centro-esquerda já no primeiro turno. Isso geraria um efeito cascata no interior em cidades onde o PSD não tem pré-candidato e o PT tem, com coligações, mesmo que cartoriais e sem amor, entre os dois partidos. Montes Claros está nessa lista.

PAULO CONVERSA COM O PSD

Aliás, num pequeno spoiler da entrevista para a Revista Tempo concedida a este jornalista, o deputado federal Paulo Guedes (PT), pré-candidato a prefeito, disse que já dialogou com o deputado Gil Pereira (PSD) sobre a sucessão de Montes Claros e que está falando constantemente sobre o assunto com as maiores lideranças estaduais do partido, o senador Rodrigo Pacheco e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Como Pacheco e Silveira pretendem estar na chapa majoritária de centro-esquerda nas eleições de 2026 ao Governo de Minas e ao Senado, ambos veem com bons olhos uma composição com o PT de Montes Claros em 2024, porém não estão dispostos a criar constrangimentos para Gil. Ou seja, ainda tem muita costura nessa colcha de retalhos.

A EXPOMONTES VEM AÍ

A Expomontes vem aí e com ela ficará claro quem é o pré-candidato a prefeito dos bolsonaristas que dirigem as principais entidades vinculadas ao agronegócio em Montes Claros, se Guilherme Guimarães (UNIÃO BRASIL) ou o candidato do PL. Enquanto uns dizem que há uma divisão, fontes com livre trânsito na Rural garantem que o candidato do prefeito Humberto Souto contará com o apoio aberto, por baixo, de 90% dos grandes produtores rurais da cidade. Humberto Souto sempre foi o político montes-clarense mais forte nesse setor. Resta saber se a influência direta de Bolsonaro, caso ela realmente aconteça, mudará algo nesse cenário.

Pecê Almeida Júnior é jornalista e publicitário e fechou esta coluna às 14h57 de 11 de junho de 2024