Com alto índice de letalidade, a febre maculosa tem maior frequência de casos registrados no período de seca, especialmente entre os meses de abril e outubro, por se tratar do período de reprodução do carrapato que transmite a doença. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), de 2018 a 2022, foram registrados 190 casos somente em Minas Gerais – sendo 28 crianças com idade até 10 anos. Desses, 62 pacientes evoluíram para óbito, ou seja, uma taxa de letalidade de aproximadamente 33%. Pessoas entre 41 e 60 anos estão entre os mais acometidos pela doença, com 72 casos confirmados no período.
A diretora e infectologista do Hospital Eduardo de Menezes (HEM), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Virgínia Antunes de Andrade, explica que a febre maculosa é causada por bactérias do gênero Rickettsia e transmitida pela picada de carrapatos infectados conhecidos como “carrapato estrela”.
Sintomas
Febre de início súbito, dor de cabeça e muscular, mal-estar, náuseas, vômitos, manifestações hemorrágicas e manchas avermelhadas na pele – predominantemente nos punhos e tornozelos, podendo acometer palmas das mãos e plantas dos pés – são os principais sintomas da doença, que muitas vezes acaba sendo confundida com outras enfermidades, como a dengue.
De acordo com a infectologista, o quadro clínico é variável, indo desde manifestações leves a casos fatais. “Pode haver complicações com manifestações hemorrágicas, neurológicas, pulmonares e renais. Por isso, quanto mais cedo houver a suspeita e a identificação da doença, maiores as chances de redução da letalidade com o início do tratamento com antibióticos específicos”, explica Virgínia.
Segundo ela, o período de incubação da doença é de dois a 14 dias. Por isso, é importante considerar exposições ocorridas nos últimos 15 dias antecedentes ao início de sintomas.
Se não tratado, o paciente pode evoluir para um estágio de apatia e confusão mental, com frequentes alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo.
Riscos
Os grupos mais expostos são aqueles que frequentam ambientes com áreas verdes onde há circulação dos animais hospedeiros. No entanto, apesar da capivara “levar a fama”, ela não é a única que pode servir de hospedeira para o carrapato. Cavalos e bovinos também podem levar o aracnídeo.
Porém, não significa que ao ser picada uma pessoa ficará doente. “Nem todo carrapato está contaminado. E nem toda picada transmite a doença”, ressalta a médica.
Prevenção
Evitar entrar em áreas com risco de infestação de carrapatos, que são mais comuns em locais onde há circulação de animais silvestres, é o ideal. Caso não seja possível, é recomendado o uso de calçados fechados, preferencialmente botas de cano longo, calças dentro das meias e vedadas com fita adesiva e blusas de manga longa. “Indicamos o uso de roupas claras, pois facilita a visualização dos carrapatos”, recomenda Virgínia.
Usar repelentes à base da substância Icaridina, que são eficazes na prevenção de picadas por carrapatos e evitar sentar ou deitar em gramados durante atividades de lazer, como caminhadas, piqueniques e pescarias, também podem ajudar a prevenir a contaminação.
Além disso, é indicado que seja feita uma autoinspeção no corpo e nas roupas a cada duas horas para verificar se há presença de carrapatos. “Caso seja detectado nas roupas, a coleta deve ser feita com auxílio de fita adesiva ou pinça”, explica a médica. (Agência Minas)
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