Cyro dos Anjos: o menino prodígio de Moc que se tornou um dos maiores escritores do Brasil - Rede Gazeta de Comunicação

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Cyro dos Anjos: o menino prodígio de Moc que se tornou um dos maiores escritores do Brasil

Cyro dos Anjos nasceu em Montes Claros em 5 de outubro de 1906. Foi o 13º dos quatorze filhos de  Antônio dos Anjos, um fazendeiro-professor, e de Carlota Versiani, dona de casa. Cyro cresceu em um ambiente onde se respirava cultura, uma vez que seu pai apreciava literatura e o debate de ideias e sua mãe, amante de música, ouvia de Bach a Beethoven.

Considerada um menino prodígio, aos oito anos rabiscava seu jornalzinho manuscrito, intitulado “Horas Vagas”. Esta foi sua primeira manifestação literária. Estimulado por um amigo da família, aos 10 já editava um jornal chamado “O Civilista”.

Cyro iniciou seus estudos na Escola Normal. Lá, teve contato, aos 15 anos, com grandes autores, como Machado de Assis, Eça de Queiroz, Alexandre Herculano, Fialho de Almeida e Camilo Castelo Branco. Em 1924, conseguiu um emprego em BH e fixou-se na capital mineira. Lá, fez o curso secundário, bem como o de Direito, bacharelando-se pela UFMG no ano de 1932. Durante seu período na faculdade, trabalhou em diversos jornais de Belo Horizonte, como o Diário da Tarde, Diário do Comércio, O Estado de Minas e A Tribuna.

Trabalhou na área da advocacia por alguns anos antes de ocupar cargos importantes na administração estadual, como o de oficial de gabinete do Secretário das Finanças, oficial de gabinete do governador, diretor da Imprensa Oficial, além de presidente do Conselho Administrativo do Estado.

Cyro fundou o curso de Literatura Portuguesa na Faculdade de Filosofia de Minas Gerais, onde foi docente. Se transferiu para o Rio de Janeiro em 1946 e lá iniciou sua carreira como funcionário do Governo Federal. Durante o governo militar de Gaspar Dutra, foi assessor do ministro da Justiça e presidente do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores do Estado – IPASE.

Entre os anos de 1952 e 1954, Cyro dos Anjos foi enviado pelo Itamaraty para ocupar a cadeira de Estudos Brasileiros na Universidade Autônoma do México e na Universidade de Lisboa.

Em 1957, voltou ao Brasil. Na ocasião, foi nomeado subchefe do Gabinete Civil do governo Juscelino Kubitschek, participando da Comissão de Planejamento da Universidade Nacional de Brasília, na qual veio a lecionar e coordenar o Instituto de Letras.

Foi ministro do Tribunal de Contas do Distrito Federal em 1960, sendo eleito seu primeiro presidente, exercendo a função mais quatro vezes. Presidiu o Tribunal durante os seus quatro anos iniciais, dando estruturação e funcionalidade ao órgão.

Eleito em 1º de abril de 1969 como membro da Academia Brasileira de Letras, ocupou a Cadeira 24, que pertencia ao poeta Manoel Bandeira. Também foi nomeado Membro da Academia de Letras de Minas Gerais, da Academia de Letras de Brasília e da Academia de Letras de Montes Claros.

Tamanha é a importância de sua obra literária que Cyro foi reconhecido como o romancista mais poético da geração de 30. Ele registrava em suas obras os problemas e contradições do país. Entre seus registros literários, destacam-se “O amanuense Belmiro”, de 1937; “Abdias”, de 1945, obra esta premiada pela Academia Brasileira de Letras; “A criação literária”, de 1954; “Montanha”, de 1956; “Poemas coronários”, de 1964; “Explorações no tempo”, de 1963; e “A menina do sobrado”, de 1979. Estes dois últimos foram premiados pelo PEN Clube do Brasil e pela Câmara Brasileira do Livro.

Em 1976 aposentou-se, ao completar 52 anos de serviço público. Viveu seus últimos anos no Rio de Janeiro, onde continuou ministrando aulas na Universidade Federal do Rio (UFRJ). Faleceu no dia 4 de agosto de 1994, aos 88 anos. (Texto: Hélder Maurício)

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