O Impacto da 'não' mobilização aglomerada no sertão (parte 1) - Rede Gazeta de Comunicação

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O Impacto da ‘não’ mobilização aglomerada no sertão (parte 1)

CLEVER MURILO PIRES

CEO no Instituto LIVRES e Mentor de Gestão

Desde 2014, a cada semestre, o LIVRES realiza programa de imersão e mobilização de alto impacto social em comunidades com baixo IDH, desassistidas social, emocional e fisicamente no sertão do Piauí. Reunimos centenas de voluntários, de diversos setores e habilidades, para servirmos a essas populações com atividades de saúde e bem-estar, cidadania, cultura e lazer, cursos profissionalizantes, oficinas criativas, palestras, atividades de desenvolvimento e formação para crianças, além de atividades de relacionamento social saudável.

Com o coronavírus, nossas ações, que envolviam grandes aglomerações em locais sem estrutura de saúde, precisaram ser paralisadas. Não poderíamos colocar em risco, nem os voluntários, e muito menos essas comunidades sertanejas que vivem no polígono das secas em condições muito desafiadoras.

Hoje, nos encontramos em um cenário ainda maior de desigualdades no Brasil. Tem sido muito importante grandes empresas e organizações assumirem compromissos explícitos de solidariedade, responsabilidade para com o próximo e respeito aos direitos dos povos tradicionais. Infelizmente, esses povos, dos quais pertencem também os quilombolas e sertanejos, têm processos históricos de violações, pobreza, genocídio, e quase nenhum acesso às políticas públicas.

Enfrentam problemas de habitação, falta saneamento, luz elétrica e vias de acesso aos seus locais de moradia comprometidas. São ainda uma das populações mais violadas quando se pensa em direitos à saúde, à educação e à assistência social, pois os equipamentos sociais que deveriam suprir essas demandas são inexistentes ou escassos.

Segundo dados do Comitê Oxford para Alívio da Fome, a população quilombola enfrenta a subnotificação dos casos do coronavírus pelas autoridades sanitárias. Sem água, aparelhos públicos de saúde e infraestrutura para cuidados básicos, a taxa de letalidade entre os remanescentes de quilombo é de 11,09%, mais que o dobro da média nacional, que fica em 4,9%.

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