Will Smith, a bofetada e a jovem psiquiatra - Rede Gazeta de Comunicação

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Will Smith, a bofetada e a jovem psiquiatra

MARCO ANTONIO SPINELLI

Médico e mestre em Psiquiatria

Por estranho que pareça, a organização deixou Will Smith participar e continuar no teatro depois do ocorrido. Se Chris Rock tinha outra piada sobre a família Smith, guardou para si. O Oscar de Melhor Ator foi dado a Will, como era esperado. O discurso banhado em lágrimas, não foi lindo, foi bizarro. Nele, Will Smith falou que estava no limite pela missão que Deus tinha dado a ele, de defender a sua família nesse mundo extremamente cruel do Show Business. Ele precisava proteger a atriz que fez a sua esposa e as meninas que interpretaram as irmãs Williams no filme que lhe deu o Oscar, King Richard. Ele também teria a missão de ser “Um Rio para seu povo” e, como a vida imita a arte, ele tinha agido como um “Pai Louco”, como Richard Williams era conhecido como um pai maluco e superprotetor de suas filhas, Vênus e Serena Williams. Ele, como Richard, faz coisas loucas porque “o amor nos faz fazer coisas loucas”. Agradeceu à sua família no filme, agradeceu à Serena e Vênus Williams, que aplaudiram com uma expressão assustada e constrangida toda aquela verborreia confusa, desconexa, e banhada em lágrimas, não pela vitória, mas por se tornar “uma luz para o mundo”. Will Smith agradeceu e se elegeu no protetor de sua família no cinema, mas esqueceu de citar a sua família na vida real. Não mencionou nenhuma vez seus filhos, que estavam sendo focalizados pelas câmeras durante seu discurso.

Querida e jovem colega, Will Smith está sobrecarregado. Por Deus, por sua missão, por sua Missão de Protetor da Família e deu Povo (aliás, quem faz parte de seu Povo? Os Americanos? Os Afro-Americanos? As atrizes do filme? As vítimas de piadas de péssimo gosto?). A sobrecarga e o estresse de Will Smith provocaram um colapso em sua capacidade de regular suas emoções, seu discurso messiânico e seu comportamento, agredindo um colega de profissão diante de centenas de colegas e milhões de expectadores. O seu discurso não foi lindo, mas um agregado de sintomas que podem ter várias causas de base. No mínimo, são evidências claras que o ator premiado com o maior prêmio na sua categoria está precisando de cuidados e de ajuda. Tomara que consiga admitir a necessidade de procurar essa ajuda, o que estatisticamente é mais difícil para homens e para celebridades.

O que aconteceu na festa do Oscar chama a atenção para um mundo em que as pessoas estão se forçando até os mais desumanos limites, virando memes e viralizando o próprio desespero.

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