Neste Dia Mundial da Conservação da Natureza, o biólogo e educador ambiental Marcelo Bizerril traz cinco curiosidades sobre o segundo maior bioma da América do Sul
Celebrado no dia 28 de julho, o Dia Mundial da Conservação da Natureza foi criado pela Assembleia Geral das Nações Unidas para conscientizar a sociedade a respeito da conservação dos recursos naturais. A data é uma oportunidade para disseminar informações relevantes sobre os biomas brasileiros, que, apesar de sua importância para a manutenção do equilíbrio ambiental do planeta, vêm sofrendo com o desmatamento.
Um deles é o Cerrado, conhecido como a “savana brasileira”. O segundo maior bioma sul-americano cobre quase um quarto do território nacional, conforme informações do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Sua área abrange os estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal.
Entretanto, apesar de possuir uma das formações vegetais com maior biodiversidade do planeta, o Cerrado tem sido constantemente ameaçado pelo desmatamento. No último ano, virou o bioma mais desmatado do país, ultrapassando a Amazônia, como revelou a edição mais recente do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil do MapBiomas. Segundo o documento, mais da metade de toda a área desmatada no Brasil em 2023 ocorreu no Cerrado, totalizando mais de 136 mil hectares afetados.
“O Cerrado está no centro da América do Sul e faz fronteira com diversos outros biomas, como a Caatinga, a Amazônia, a Mata Atlântica e o Pantanal, compondo bacias hidrográficas dentro e fora do Brasil. Essa é uma das razões que fazem com que ele seja um bioma tão importante para o planeta”, afirma o biólogo e educador ambiental Marcelo Bizerril, autor do livro Cerrado: o que o Brasil pode aprender com ele.
Para ajudar na conscientização acerca desse importante bioma, Marcelo Bizerril trouxe 5 curiosidades sobre o Cerrado. Confira!
1- O Cerrado é uma savana
A savana é um tipo de bioma com vegetação aberta, ou seja, árvores espaçadas em meio a um estrato de gramíneas e pequenos arbustos. As savanas ocorrem em regiões tropicais na África, América do Sul e Oceania e apresentam uma estação seca e outra chuvosa. Mas engana-se quem pensa que o Cerrado não é rico e diversificado: ele apresenta mais de 12 mil espécies só de plantas, o que faz dele a savana mais biodiversa do mundo.
2- O Cerrado não é seco
Apesar de ter cinco meses de seca ao longo do ano, no período chuvoso (de outubro a abril), as águas caem em abundância sobre o Cerrado, recarregando inúmeras nascentes que abastecem bacias hidrográficas de norte a sul do continente. A região é reconhecida por inúmeras cachoeiras e por ser o berço de grandes rios nacionais, como o Araguaia e o São Francisco.
3- Dos 10 municípios com maior área desmatada em 2023, 8 estão no Cerrado
O mais recente relatório de avaliação do desmatamento no Brasil indicou que, ao mesmo tempo que a taxa diminuiu na Floresta Amazônica em 2023, aumentou consideravelmente no Cerrado. Isso ocorreu sobretudo na região do MATOPIBA (entroncamento dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), uma das áreas remanescentes mais importantes de Cerrado.
4- A destruição do Cerrado é grave, mas pode ser revertida
A destruição do Cerrado provoca efeitos óbvios na perda da biodiversidade e da cultura cerratense, mas também outros menos evidentes, porém gravíssimos, como as alterações climáticas e a redução da vazão dos rios em todo o país. Além disso, o desmatamento do Cerrado vem ocorrendo em uma velocidade espantosa. Portanto, é preciso que seja contido a partir de políticas e tecnologias para a conservação desta importante região no país.
5- Há maneiras de ajudar a salvar o Cerrado
Cientistas, políticos, ambientalistas e educadores têm desenvolvido muitas ações pela conservação do Cerrado. É importante conhecer essas iniciativas e outras de alcance global, como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU, e descobrir formas de levá-las para escolas, bairros e municípios. O livro Cerrado: o que o Brasil pode aprender com ele trata diversos aspectos de como ajudar na preservação.
Sobre a unidade de Literatura da SOMOS Educação – Com mais de 1,6 mil obras em seu catálogo e mais de 500 autores nacionais e estrangeiros, de diversos gêneros literários, a área de Literatura da SOMOS Educação reúne obras dos selos Ática, Atual, Caramelo, Formato, Saraiva e Scipione de literatura infantojuvenil. A área também é responsável pelo Coletivo Leitor, portal que busca difundir o valor e a importância da leitura e da literatura para o ser humano desde criança, estimulando a criatividade e o desenvolvimento da empatia.
Tecnologia avançada acelera combate a incêndios no cerrado
Novo sistema Suindara revoluciona a resposta a incêndios, monitorando milhões de hectares e apoiando brigadistas em tempo real
Com o início da temporada de seca no Cerrado, a proteção da rica biodiversidade da região ganha uma nova aliada: a tecnologia. O Programa Suindara, desenvolvido pelo Instituto Cerrados com o apoio da Fundação Grupo Boticário, tem se mostrado crucial na prevenção e combate a incêndios. A ferramenta Suindara: Sistema de Alertas de Fogo, lançada em 2021, disponibiliza alertas em tempo real para mais de 56 territórios no Brasil, incluindo 21 no nordeste goiano, cobrindo uma área de mais de 6,4 milhões de hectares no bioma.
Utilizando dados de satélites fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela NASA, o sistema oferece alertas precisos através de Telegram ou SMS, indicando a localização exata dos focos de calor. Isso permite uma resposta rápida e eficaz por brigadistas voluntários, gestores de unidades de conservação e líderes comunitários.
A coordenadora de projetos do Programa Suindara, Águeda Lourenço, destaca a importância do feedback dos brigadistas para aprimorar a ferramenta. “O sistema traz agilidade e eficácia necessárias para as ações de combate a incêndios”, afirma. Além dos alertas, o Suindara fornece informações sobre topografia e localização, facilitando o trabalho dos combatentes.
O Cerrado, o segundo maior bioma do Brasil, é vital para a biodiversidade e a segurança hídrica do país. Leide Takahashi, gerente sênior de Conservação da Natureza da Fundação Grupo Boticário, reforça a importância de aliar tecnologia e inovação à proteção ambiental: “É fundamental preservar o Cerrado e apoiar iniciativas que visam a sua conservação.”
O Programa Suindara não só melhora a resposta a incêndios, mas também capacita brigadistas com treinamentos e equipamentos essenciais. Desde 2022, a ferramenta integra o Plano Operativo de Prevenção e Combate aos Incêndios do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e entorno, demonstrando seu impacto positivo e a importância da colaboração entre tecnologia e esforço comunitário.
O sistema continua a evoluir, com a inclusão de novas funcionalidades baseadas em sugestões dos usuários, reforçando o compromisso com a proteção do Cerrado e o desenvolvimento sustentável da região.
