A veterinária Camila Helen alertou que os fogos provocados por foguetes afetam a saúde dos animais e muitos acabam desenvolvem doenças cardíacas, levando a morte. A Câmara Municipal de Montes Claros realizou audiência pública para discutir os impactos que os fogos de artifícios causam à saúde e meio ambiente. O evento realizado ontem (22) no plenário começou com a apresentação de um vídeo mostrando o sofrimento de crianças autistas e animais no momento da soltura e fogos com estampidos. Além do depoimento de um autista, donos de animais que morreram por causa do barulho pediram providência e a aprovação do projeto que proíbe fogos com estampidos em de Montes Claros.
Os dados apresentados pelos organizadores estima-se que de cada 44 pessoas uma seja autista, oque equivale a 9.477 pessoas, só em Montes Claros e na cidade são pelo menos 80 mil animais domésticos. A audiência foi realizada de forma híbrida com participação via remota e presencial. Além dos vereadores e protetores estiveram presentes no evento o secretário de meio ambiente e desenvolvimento sustentável Soter Magno, a presidente da Associação Norte-Mineira de Apoio ao Autismo (ANDA), o professor doutor em Zootecnia, Délcio César Ramos Andrade. A médica psiquiatra Maria Tereza Sisílio, representando o Corpo de Bombeiros o Capitão Dilson Veloso e a médica veterinária Camila Helen Castro.
A vereadora Ceci Protetora (PP), proponente da audiência, lembrou que o objetivo não é acabar com o brilho da festa fogos, mas sim evitar os estampidos que trazem prejuízos a saúde de idosos, doentes, autistas, também dos animais, entre outros. “A gente teve recentemente as comemorações do título do atlético. Comemorações que seguiram a madrugada aconteceram na avenida sanitária, 200 metros do Hospital Santa Casa e muito próximo também do Prontosocor. Os males que os estampidos dos fogos trazem não podem ser ignorados. Acredito que a festa deve ser de todos e isso inclui os idosos, doentes, autistas e donos de animais. O brilho e o lucro dos comerciantes não vão ser prejudicados se não tiver os estampidos. Precisamos evoluir e viver realmente a inclusão”, ressaltou Ceci.
A parlamentar comentou que toda família tem um idoso, uma pessoa doente, se recuperando, um cachorro, um gato, ou uma criança com necessidade especial. Ao explicar sua iniciativa, Ceci lembrou que várias famílias já perderam seus animais de estimação que morreu por não suportarem o intenso barulho proveniente dos fogos de artifício. Ela também salientou que estes artefatos podem causar danos irreversíveis às pessoas que os manipulam. Cláudio Rodrigues explicou que em 2019 a Câmara Municipal aprovou um projeto de autoria do então vereador Fábio Neves, mas depois os parlamentares acataram o veto do prefeito. Ele se manifestou a favor do projeto: “Na época estava como secretário, hoje como presidente da Casa, fico feliz que o assunto voltou a ser pauta e acredito será tratado considerando o sofrimento das pessoas e animais”, destacou o parlamentar.
A presidente da ANDA lembrou que para as crianças autistas os fogos são como uma guerra por causa da hipersensibilidade. Os adolescentes chegam a usar tampões para amenizar. Vanda pediu que o Legislativo e Executivo levem em consideração o sofrimento. “Para muitos autistas o estouro de um balão é motivo de crise, imagina minutos de fogos”, ressaltou. A médica psiquiatra Maria Tereza se lembrou do perigo que os fogos representam para os idosos. Muitos acamados têm a saúde comprometida por causa dos fogos. Ela falou sobre as consequências dos estampidos para a saúde mental dos autistas e dos hospitalizados sem falar dos perigos para quem solta fogos. Muitos sofrendo queimaduras sérias e até mesmo perdas de membros.
O secretário Soter Magno falou que além dos animais que sofrem, existe o sério risco das queimadas. O público que acompanhou o evento, de forma presencial e via remota, participou fazendo perguntas que foram respondidas pelos convidados e um documento sobre o assunto será encaminhado ao prefeito Humberto Souto. (GA)
