ROSSANA VASCONCELOS
Dermatologista e professora do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa
No próximo dia 21 começa, oficialmente, o verão. A chegada desta estação nos proporciona lindos dias de sol e calor. Mas, infelizmente, a exposição prolongada ao sol é um fator de preocupação. Entre as 10 e 16 horas, a incidência da radiação solar é mais agressiva, pois é neste período em que mais se concentra a emissão de radiação UVA (representando 95% dos raios solares que chegam até nós). Por isso, de bebês a adultos, nessa faixa horária é importante evitar a exposição direta ao sol para que haja menos riscos de surgimento de câncer de pele. A campanha Dezembro Laranja faz este alerta todos os anos, desde 2014, atuando pela conscientização e prevenção do câncer de pele, cada vez mais comum no Brasil.
Atualmente, o câncer de pele é considerado a segunda principal causa de morte no Brasil e no mundo, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. No país, ele corresponde a 30% de todos os tumores malignos registrados anualmente. De acordo com a pesquisa do Instituto Nacional do Câncer, nos anos de 2023, 2024 e 2025 serão diagnosticados 704 mil casos por ano. Globalmente, a OMS afirma que haverá 27 milhões de novos casos até 2030, com 17 milhões de óbitos e 75 milhões de pessoas vivas anualmente com câncer. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média rendas. Porém, inúmeros estudos mostram que os cuidados de prevenção e o diagnóstico precoce ajudam a desacelerar esse crescimento e a ampliar os casos em que a cura é possível.
O câncer de pele é resultado dos efeitos da exposição solar em médio e longo prazo e pode aparecer a partir do surgimento de lesões pigmentadas – conhecidas como pintas ou nervos melanocíticos, os quais podem evoluir ou não para um quadro maligno durante a vida. Ele aparece em adultos, crianças e adolescentes, pois nossa pele tem “memória” e acumula os danos solares ao longo da vida. Desta forma, os cuidados devem começar na infância e se estender por toda a vida.
Entre os tipos de câncer de pele, o não-melanoma é o de maior incidência e mais baixa mortalidade. Considerado o mais comum em pessoas acima dos 40 anos, o câncer de pele é relativamente raro em crianças. Pacientes portadores de doenças cutâneas anteriores, como o vitiligo, tem menor proteção da pele contra o sol e maior risco de incidência do câncer de pele carcinoma espinocelular (tumor maligno).
Embora mais comum em pessoas de pele branca, o câncer de pele pode surgir também em pessoas pretas e asiáticas. Outro fator a ser observado é que ele pode aparecer embaixo da unha, na planta do pé e por meio do HPV, tanto na região bucal quanto na genital.
Se for à praia ou passar o dia em um local com piscina, lembre-se de aplicar protetor solar com FPS a partir de 30, reaplicando-o a cada quatro horas e, caso se molhe, reaplicando-o logo depois, na pele seca. Tentar evitar o horário de pico é importante, mas no verão o calor nos atrai para o sol e para a água, não é mesmo? Assim, abuse do protetor solar e corra para a sombra nos intervalos entre um mergulho e outro. Além disso, usar roupas de proteção UV ou mesmo roupas comuns, bonés e chapéus constituem uma ótima alternativa de cuidado.
Evitar a exposição solar contínua é, sem dúvida, o melhor caminho. Hábitos saudáveis também são fundamentais: diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e não fumar, fazer atividades físicas constantes e manter uma alimentação saudável são atitudes que contribuem muito para evitar a doença. Cuide de si mesmo e cuide de suas crianças. O câncer de pele é evitável, mas depende diretamente da sua atenção na prevenção.
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