Uma mineira presa pela Covid-19 - Rede Gazeta de Comunicação

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Uma mineira presa pela Covid-19

LUCIANA ARCHETE

Advogada e Jornalista

Não que eu tenha me infectado com o vírus, pelo contrário, me isolei, sumi, desesperei. Isso mesmo. Em casa para fazer jus. Achei que seria um mês, então, esperei.

Qual o quê, já foi mais de ano e eu sem saber como proceder. Tudo que fazia era, não ceder à tentação de mudar o cotidiano.

Entra dia e sai dia, entra mês e sai mês e tudo que se ouvia era só estupidez na televisão, nas emissoras de rádio e na internet.

Uns faziam de tudo para se proteger, ajudar o irmão e os familiares. Mas, uns tantos sem desproteger só se ouvia na TV tantos pesares. Um, dois, dez, quintos, mil….

Mineiro gosta de olhar nos olhos, abraçar, dar no rosto três beijinhos.

Mas as casas fechadas a ferrolhos não permitem nossos carinhos!

Mineiro quer comer fora. Quer frango na panela, quer se perder na hora e fofocar na janela. Não podia mais!

Mineiro não tem que se esconder e gosta mesmo é de aparecer com seu jeitinho bem simples.

Se benzer pros seus males! Tirar olho gordo.

Mineiro é amor e carinho. É todo dado pela boa prosa.

A mineira então? Cheirosa para o amor mineirinho!

Eu era uma mineira presa na Covid.

Pras festas não me convide. Me tranco e me prendo. Não saio pra quilo que nada rende!

Ô vontade de sair, andar, caminhar, seguir sem rumo Brasil afora.

Mas, agora, sem poder espezinhar passear é uma bola-fora!

Ô Covid sua maldosa!

Mudou meu rumo na Vida. Hoje estou bem saudosa e apagando a mesma ferida.

Que saudade de ir na quitanda, pedir um pão de queijo, um pedaço de goiabada com queijo fresquinho.

Vontade de ir ver o mar (mineiro ama o mar). Nas praias do Espírito Santo então! Hum!

Saudade do mato e do campo. Mas, de medo, me espanto.

Que venha vacina no meu braço, para sentir o calor e o conforto, dentro daquele forte abraço.