Tributo a Antônio Ferreira Barreto - Rede Gazeta de Comunicação
Tributo a Antônio Ferreira Barreto

Jarbas Oliveira (*)

Membro da AMALENM – Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas; Academia Montes-clarense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros


Alô Nego Elias! Cá estou novamente para mais uma comunicação metafísica. Desta feita, meu amigo, eu estou meio atrasado, mas como diz o ditado: antes tarde do que nunca! Dia 29 deste mês, o meu confrade e irmão maçônico, José Geraldo Gomes, filho de Zé Gomes, publicou uma triste notícia no grupo de “WhatsApp” da AMALENM – Academia Maçônica de Letras do Norte de Minas, noticiando o passamento do conhecido Antônio Barreto, Barreto do Posto.

Pois é, Nego Elias! Hoje – 31 de março, eu conversei com o doutor Waldeir Barreto, filho dele e meu amigo de infância, desde os tempos da Praça Coronel Ribeiro. Revelou-me que Barreto estava bem, mas, dentro das circunstâncias de sua idade – 98 anos, já requeria cuidados e na noite anterior fora acomodado em seu leito, tal como acostumava – uma perna caída do lado de fora da cama. Dormiu e não mais despertou.

Aí, Nego Elias, eu fiquei vagueando em meus pensamentos, relembrando dos tempos de Automóvel Clube, tanto dos carnavais, quanto das festas tradicionais e os maviosos réveillons. Que saudade! Em todas elas, lá estava Antônio Ferreira Barreto, o diretor que sempre se prontificava a se postar, elegantemente, de pé e à ordem, no átrio de entrada do clube, para recepcionar os sócios e convidados que ali se adentravam em busca de entretenimento, ou, ainda, para tomar providências nos casos fortuitos.

No posto de gasolina, Nego Elias, Barreto era um serelepe com um molho de chaves pendurado no cós da calça, dava conta de tudo e de todos, sempre cuidadoso no bom atendimento de seus clientes. Lembra-se dele?

– Ora, Jarbas Oliveira! Quem é que mora ou morou na nossa querida Princesa do Norte e não vai se lembrar de Antônio Barreto? E mais, vou confidenciar-lhe, resumidamente, o que eu vi e ouvi quando da chegada dele aqui. Dessa cerimônia não participei ativamente, não porque eu não quis, mas, porque os “bodes” não me deram espaço. Renê Xavier, meu irmão, já chegou todo paramentado e com um cajado na mão e de pronto me tirou: “Elias, quem vai fazer o cerimonial deste “pequeno gigante” que está chegando serei eu, se quiser assistir, pode assistir, porque será uma cerimônia aberta e nesses casos as “goteiras” podem participar”.

– Pensei cá com meus botões: Renê é meu irmão mais velho, não vou criar caso não. Pode tomar conta Renê, mas vou ficar por aqui, em algum lugar, para eu assistir.

– Olha! O ambiente lotou de maçons, todos paramentados, terno preto, camisa branca, alguns com gravatas brancas, mas a maioria com gravatas pretas; aventais de vários modelos. Alguns maçons usavam braçadeiras, colares, medalhas e faixas. Confesso que achei tudo muito organizado e sou muito exigente nessas coisas. Veja o detalhe: todos com um ramo de Acácia
nas mãos. Renê Xavier, com a ponta do cajado, deu três batidas no solo. As trombetas soaram fortes, Renê em alta voz convocou os maçons José Gomes, Antônio Alves Aquino – Antônio Pernambucano, Afonso Celso Teixeira, Corbiniano Rodrigues D’Aquino, e os irmãos Pedro Paulo da Costa e Paulo Pedro da Costa, para tomarem assentos em seus devidos lugares. Em
seguida solicitou aos demais que se assentassem conforme o grau de cada um; e lá estavam, dentre muitos outros: Tufi, Terezim Ribeiro, Luiz de Paula Ferreira, José Rego, Elzino Alfaiate, Fernando Jabbur, Hélio Morais, Bolivar Andrade, João de Paula, Hamilton Lopes, Hernane Vilas Boas, Juventino Campos, Geraldo Ruas de Abreu, Geraldo Athayde, Jason Teixeira, Manoel
José do Nascimento – Nenezinho, Waldir Macedo, Geraldo Borges, Almerindo Mendes, os irmãos Fábio e Toninho Rebello e Florentino da Crevac. É gente demais! Continha mulher não Elias?

– Sim, não muitas, mas alguns maçons se fizeram acompanhar das
esposas. Para a entrada triunfal de Antônio Barreto, Renê convocou os maçons João de Paula e Luiz de Paula para acompanhar a Senhora Maria de Lourdes Duarte Barreto e seu filho Walter Duarte Ferreira Barreto até a entrada do recinto, não sem antes formar a abobada de prata com quatorze maçons, sete de cada lado, cada um com uma espada de prata na mão. As trombetas soaram novamente, Renê Xavier repetiu as batidas do cajado no solo e disse: “Por ordem do Grande Arquiteto do Universo, Deus, os maçons Fernando Jabbur e Hélio de Morais devem escoltar o nosso irmão Antônio Barreto até a entrada do átrio, onde será recebido pelos seus entes queridos”. Ao som de Ravel, formada a Abóboda de Prata, todos os presentes se postaram de pé, ergueram os ramos de acácia, ao tempo em que Antônio Ferreira Barreto, ladeado pelos guardiões, marchou até se postarem a frente de Maria de Lourdes e Walter que o acolheu com um caloroso abraço a três, sob uma entusiástica salva de palmas de todos os presentes. Em seguida, o coronel Georgino de Souza proferiu um belíssimo e eloquente discurso. Terminada a cerimônia, Renê Xavier aproximou-se de mim; eu o felicitei pela brilhante atuação, e disse-lhe que foi tudo perfeito, ao que me respondeu: Justo e Perfeito.

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