Gregório José
Jornalista/Radialista/Filósofo
Há trinta anos, o Brasil enfrentava uma era de incerteza e caos econômico. A inflação descontrolada, que corroía o poder de compra e alimentava a desconfiança generalizada, parecia uma força invencível. A cada novo plano econômico lançado, o país se afundava ainda mais na recessão e no descrédito. Congelamentos de preços, confiscos de poupança e outras medidas desesperadas apenas agravaram o sofrimento do povo, sem oferecer soluções duradouras.
Então, em 1994, surgiu uma nova abordagem. O Plano Real, com a criação da Unidade Real de Valor (URV) como um passo intermediário, trouxe não apenas uma nova moeda, mas um novo alento para o Brasil. A implementação do Real não foi um golpe de sorte ou uma fórmula mágica; foi o resultado de um esforço contínuo e estruturado para estabilizar uma economia devastada. Pela primeira vez, o país viu uma luz no fim do túnel da hiperinflação.
A transformação foi notável. De uma inflação anual que beirava os 5.000% em meados de 1994, o Brasil conseguiu reduzir esse índice para 22% em 1995. Com o tempo, a estabilidade conquistada permitiu o planejamento a longo prazo e a recuperação do poder de compra. O Real tornou-se não apenas a moeda mais longeva da nossa história recente, mas também um símbolo de confiança e previsibilidade.
Contudo, a conquista da estabilidade econômica não deve ser vista como um ponto final, mas como uma base sobre a qual devemos continuar a construir. O desafio agora é navegar pelas complexidades de uma economia globalizada e responder às questões fundamentais que ainda nos assombram: Por que o Brasil cresce tão pouco? Por que as reformas essenciais são tão difíceis de implementar?
O Brasil ainda enfrenta dilemas que vão além do controle da inflação. A infraestrutura precisa de melhorias significativas, a carga tributária é sufocante, e a burocracia continua a ser um empecilho para o desenvolvimento. A desigualdade social e a pobreza persistem, exigindo políticas sociais eficientes e sustentáveis.
É crucial que não caiamos na complacência. A estabilidade monetária é apenas um pilar da prosperidade. Para avançarmos, é necessário coragem para enfrentar reformas estruturais, investir em educação e inovação, e criar um ambiente de negócios mais favorável. O espírito de Francisco de Assis Mattos de Oliveira, homenageado recentemente, nos lembra da importância da dedicação e do serviço à comunidade – qualidades que devem guiar nossas ações para o futuro.
A história do Real nos ensinou que mudanças significativas são possíveis, mesmo quando tudo parece perdido. Agora, precisamos canalizar essa mesma determinação e visão de longo prazo para enfrentar os desafios que ainda impedem nosso pleno desenvolvimento. Que possamos, mais uma vez, demonstrar ao mundo que o Brasil é capaz de superar adversidades e construir um futuro de estabilidade e crescimento para todos.
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