A luta dos escravos calunzeiros pela liberdade na área do Vale do São Francisco, em Minas Gerais, serviu de tese em defesa de doutorado do professor de História, Johnisson Xavier Silva, do Instituto Federal do Norte de Minas, no campus de Pirapora, que faz a especialização na Universidade Federal de Uberlândia. O trabalho analisou a formação, as formas de ocupação e permanência, as dinâmicas sociais, o trabalho, a religiosidade, as práticas culturais e as significações dos territórios quilombolas no Norte de Minas Gerais, no Sertão do São Francisco, nas últimas décadas do século XIX e no século XX. A janela pela qual espreita e narra a história dos aquilombados no Norte de Minas é o quilombo dos Calunzeiros, situado no distrito de Riacho da Cruz. A partir da trajetória dos calunzeiros, a tese discute a vida, o cotidiano, os processos migratórios e as lutas de várias outras comunidades.
A pesquisa preenche lacunas e silêncios históricos sobre a vida e a trajetória das comunidades negras da região e defende o argumento de que os territórios negros no Norte de Minas constituíram-se por meio de grupos migratórios vindos, principalmente, da Bahia, em fugas da escravidão, que encontraram nas vias fluviais e nas brenhas do sertão caminhos para construção da liberdade, sendo parte fundamental da formação do Norte de Minas. Os quilombos ocupam a região desde o século XVII. A permanência e persistência de suas práticas culturais e religiosas, como o batuque, as folias, as congadas, bem como as tecnologias de cultivo e produção de alimentos e bens materiais são exemplos de como, em um território hostil e violento, os negros, descendentes de escravizados encontraram possibilidades de ter certa autonomia sobre seu corpo, território e trabalho, criaram possibilidades de liberdade. (GA)
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