Terreiros afro-religiosos de Moc devem receber verbas da Lei Aldir Blanc - Rede Gazeta de Comunicação

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Terreiros afro-religiosos de Moc devem receber verbas da Lei Aldir Blanc

Três templos afro-religiosos de Montes Claros foram selecionados para receber os recursos da Lei Aldir Blanc, de incentivo ao setor cultural durante o período de pandemia. Somados, os valores chegam a R$ 22 mil e serão repassados em parcela única. Essa conquista foi possível por causa do suporte da Universidade Estadual de Montes Claros, através das orientações dos docentes e acadêmicos vinculados ao Programa de Educação Tutorial do curso de Ciências da Religião (PET-CRE) e ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB).

A assessoria foi coordenada pelas professoras Ângela Cristina Borges, do Departamento de Filosofia e coordenadora institucional do PET-CRE e do NEAB/Unimontes, e Maria Nunes, do Departamento de Comunicação e Letras. E contou com o apoio da Assessoria de Projetos Especiais, da Pró-Reitoria de Ensino. Em resumo, o auxílio da Universidade permitiu orientar os religiosos a concorrerem no edital, a começar pela interpretação das exigências, organização de documentos exigidos e argumentação.

Os terreiros de matrizes africanas localizam-se nos bairros Camilo Prates, Nova Alvorada e Santo Inácio. Em contrapartida ao repasse, os próprios afro-religiosos vão oferecer à comunidade – em especial ao público formado por idosos e estudantes da educação básica – oficina de corte e costura; palestras e abordagens de resgate da história do Norte de Minas sobre a influência da cultura negra e afro-brasileira na região do Norte de Minas; oficina de nutrição e sobre comidas de orixás; oficinas de colares; oficinas de pintura em tecido e de bonecas temáticas (orixás e personagens do sertão).

“É importante explicar que não há nenhuma contradição na seleção dos terreiros nos editais. Há um vínculo da tradição afro-religiosa com a cultura sertaneja. As matrizes afro-brasileiras carregam o ethos (costumes, hábitos e comportamentos) dos espaços onde elas estão inseridas; resgatam a cultura local como reserva de memória regional”, esclarece a professora Cristina Borges. Ela completa que “os terreiros são considerados como casas culturais ou centros de cultura e, como são parceiros da Universidade em diversas ações, neste momento estamos exercendo uma espécie de agradecimento para que possam ser assistidos pelo benefício da lei federal e, ao mesmo tempo, desenvolver projetos de relevância sociocultural”. A pesquisadora do NEAB, ao lembrar que duas destas casas culturais assessoradas pela Unimontes são temas de pesquisa internacional com a Universidade de Mount Royal (Calgary/Canadá). O público a ser atendido pelas oficinas será definido pelas escolas de educação básica da rede pública nas áreas próximas aos terreiros. As atividades serão pelo sistema on-line diante do cenário de isolamento social por causa da pandemia da Covid-19. Após a oficina de culinária, por exemplo, será organizado um livro de receitas para acesso da comunidade em geral. (Girleno Alencar)