PAULO HUMAITÁ
Fundador e CEO da Bluefields
O brasileiro médio ainda tem uma imagem que pouca coisa mudou na zona rural e que a tecnologia está apenas nos grandes centros, quando, na verdade, o agricultor brasileiro tem trabalhando em uma lavoura cada vez mais conectada. Uma pesquisa em 2020, feita pela consultoria McKinsey&Company, apurando cerca de 750 produtores de 11 estados brasileiros, mostra que 53% deles já utilizam pelo menos uma tecnologia ou estão dispostos a adotar pelo menos uma nas próximas duas safras. Este dado revela a grande oportunidade de agtechs dispostas a criar e pulverizar essas novas tecnologias no solo fértil do agro brasileiro.
Colaborando para este cenário, a Jacto, fabricante global de máquinas agrícolas 100% brasileira, adotou soluções integradas para os grandes, médios e pequenos produtores. A empresa criou uma startup interna para colaborar na digitalização faltante nas fazendas. A Jacto Next, nome dado à startup, promove serviços integrados, permitindo ao produtor conectar-se em uma única plataforma todas as suas máquinas. Da mesma forma que a Alexa pode integrar spots de luz, ligar e desligar uma tv, a Jacto facilitou o uso integrado de máquinas agrícolas. A startup vai até a lavoura verificar o que precisa ser modificado para fazer a tecnologia de fato se conectar. Foi uma solução simples de uma empresa gigante, que encontrou mais uma forma de resolver o problema do cliente em um ecossistema único. Com um sistema como este funcionando, o produtor consegue armazenar informações em lugar só, comandar máquinas e acompanhar processo. Se até Pero Vaz de Caminha disse que “aqui se plantando, tudo dá”, imagina só o tamanho do impacto da tecnologia no campo brasileiro, que já representa ¼ do nosso PIB.
Os drones, que já passam de 1.500 em uso no Brasil, têm ajudado na produtividade no campo. A gigante Bayer investiu na startup Rantizo, especializada em drones agrícolas. Apesar de ser uma história americana que aconteceu no final de 2020, vale a pena lembrar dois pontos: o primeiro é como os drones estão se modernizando e se já foram utilizados em seu total potencial e, o segundo, a inovação aberta.
Drones e quem os operam
Os agricultores são atraídos tanto pela eficiência de Rantizo, como pelo fato de que podem evitar a compactação do solo, deixando um drone fazer a pulverização em vez de maquinário pesado. Drones também podem acessar mais facilmente locais de difícil acesso, como encostas íngremes ou áreas perenemente úmidas. Além do drone, deve-se pensar no operador do drone também. A startup oferece sua tecnologia por meio de um modelo de serviço em que profissionais independentes entram em cena para fornecer a mão de obra. Um contratante de serviços de aplicativos da Rantizo pode adquirir um sistema pronto para uso que inclui equipamentos de drones, licenciamento, treinamento e certificações para operar a plataforma.
Inovação aberta
Investir em uma empresa pronta, com potencial de mercado e que tem a ver com o seu nicho, é a realidade das empresas com inteligência em inovação. Bayer e Jacto possuem ambientes de inovação aberta há alguns anos no Brasil. Esta última, inclusive atuando na construção de um novo ecossistema de inovação focado em tecnologia genômica e inteligência artificial, o Vale do Genoma, com evento de lançamento ainda neste mês de junho.
É importante lembrar que grandes empresas podem cultivar agtechs, criando soluções dentro da porteira. Sejam soluções: biodigitais, novas máquinas agrícolas, mão de obra qualificada, sistemas inteligentes, diversidade de mercado, antecipação de tendências e tantas outras necessidades.
Do lado das agtechs, a Bluefields está com o processo de seleção aberto para o programa de inovação aberta e aceleração Biodigital Startups. Os exemplos descritos aqui estão próximos do agricultor brasileiro para seguir o caminho mais ágil da startup e continuar inovando no setor.
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