Startups do Norte de Minas estarão hoje em demoday com chineses - Rede Gazeta de Comunicação

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Startups do Norte de Minas estarão hoje em demoday com chineses

GIRLENO ALENCAR

Duas startups do Instituto Federal do Norte de Minas estarão hoje, a partir das 8h30 em um “demoday” com investidores chineses. São a “Quiz Class” e a “Palavras Indígenas”, ambas ligadas ao campus Januária. O evento, organizado pelo Consulado do Brasil em Xangai, na China, e pelo Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), acontecerá de forma virtual e terá como objetivo a prospecção de investimentos e novas parcerias entre os ecossistemas de empreendedorismo da Rede Federal e da China. Seis startups, entre as 30 participantes da Incubação Cruzada, foram sorteadas para apresentar suas propostas no evento.

“O foco do demoday é business, negócio, e as startups farão um “pitch”, uma apresentação de impacto, para buscar o interesse dos investidores”, explica o professor do Instituto Federal Fluminense, Henrique Rego Monteiro da Hora, idealizador do Programa de Incubação Cruzada e organizador do demoday. “Nós iremos promover o primeiro contato. A partir daí, eles trocam contatos e podem desenvolver o relacionamento”, acrescenta. 

Para o professor Henrique da Hora, o evento desta sexta com os investidores chineses “é uma oportunidade fantástica de oportunizar para nossos estudantes uma forma de internacionalização”. A professora do IFNMG-Campus Januária Joselice Ferreira Lima, uma das grandes apoiadoras das duas startups do Instituto que participarão do demoday, também exalta a oportunidade que os alunos e ex-alunos empreendedores estão tendo, ao participar de um processo de negociação internacional, com orientação de especialistas no assunto, e possibilidade real de investimento. “O processo, em si, já é um grande aprendizado. O interesse dos chineses em investir será uma consequência do nosso poder de articulação e de apresentar um produto com potencial de crescimento, escalabilidade, rentabilidade pra um mercado em constante expansão”, avalia.

“Essa é uma ótima oportunidade, desejo que o meu projeto seja maior, mas que também receba a importância devida no Brasil, ajudando a preservar nossas línguas indígenas. É o momento de mostrar a importância social do projeto e provar que ele pode ser financeiramente sustentável.” A aposta é de Dener Mendonça, fundador da startup Palavras Indígenas e desenvolvedor do sistema homônimo, que tem como proposta auxiliar na organização da escrita, da imagem e do som (pronúncia) de línguas em risco. O projeto surgiu como Trabalho de Conclusão de Curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, no IFNMG-Campus Januária, em 2015, e ficou em segundo lugar no concurso de melhores TCCs do Congresso Brasileiro de Informática na Educação naquele ano.

 “Nossa missão é inspirar o mundo com tecnologias que auxiliem a preservação da diversidade linguística. Queremos oferecer nosso sistema para a preservação e transmissão das línguas e conhecimentos para as futuras gerações, criando, assim, um mundo mais responsável socialmente”, afirma Dener. Ele acredita que no momento atual, com a pandemia da covid-19, o sistema faz ainda mais sentido: “Afinal, as palavras indígenas, antes repassadas de forma oral e presencial, agora podem ser ensinadas remotamente, possibilitando maior segurança aos que ensinam e aos que aprendem”.

Em 2019, Dener havia sido convidado para oferecer uma palestra na China, no 6º Congresso Mundial Anual da InfoTech, como um dos cem “Talentos Globais para um Futuro Melhor.” Ele conta que, por conta dos altos custos da viagem, não pôde participar. “Infelizmente, na época, eu não consegui ir até a China, mas parece que ela finalmente veio até mim!”, brinca.

Startup para além das teoria

A outra startup do IFNMG a participar da roda de apresentações com os investidores chineses é a Quiz Class, um software web para criação de testes com correção automatizada. Um dos fundadores, Ewerton Cardoso Silva, que está finalizando o curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas no IFNMG-Campus Januária, diz que o software foi criado com o propósito de ser uma ferramenta para professores utilizarem na prática de metodologias ativas de ensino-aprendizagem. Assim como aconteceu com a Palavras Indígenas, a ideia também surgiu de um projeto de TCC.

“Hoje ele [o software] está implementado numa franqueadora de cursos de idiomas em que é utilizado para criação de testes e nivelamentos de inglês, em que o aluno consegue responder questões de vários tipos: múltipla-escolha, V ou F, respostas abertas, e reconhecimento de voz, que é um dos recursos mais interessantes”, explica Ewerton. “No entanto, outros clientes, como profissionais de marketing, também usam nossa solução com a finalidade de capturar leads por meio de testes integrados ao seu site. Tal estratégia possibilita captar interessados qualificados para entrar no seu funil de vendas”, explica.

Quem quiser conhecer a versão atual do Quis Class pode acessar o quizclass.net. No entanto, Ewerton diz que os integrantes da startup estão trabalhando em uma nova versão, com melhorias na parte de teste/quiz e, ainda, recursos para atender cursos presenciais, a distância ou híbridos, com a disponibilização de conteúdo, vendas e aulas ao vivo. “A pandemia do novo coronavírus nos trouxe vários desafios e estamos buscando responder por meio de nossa nova plataforma, que deve ser lançada até meados de 2021.” Desde que a empresa foi selecionada para participar do demoday, passou a integrar um grupo de troca de informações sobre a cultura chinesa e capacitação sobre aspectos mercadológicos, com especialistas em negociação internacional. “Vamos mostrar aos investidores o problema que queremos resolver e, caso tenham interesse e puderem colaborar com nosso propósito, poderemos compor uma sociedade”, explica Ewerton. (Girleno Alencar)