Com o objetivo de orientar profissionais de saúde sobre o correto manejo da tuberculose e o enfrentamento de um perfil epidemiológico desfavorável no Estado, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros realizou um encontro com profissionais de saúde da microrregião de Saúde de Francisco Sá. Ainda neste semestre, o trabalho terá continuidade em outras seis microrregiões de Saúde, envolvendo médicos, enfermeiros e profissionais que atuam nos serviços de vigilância epidemiológica dos municípios.
Além de médicos e enfermeiros de Francisco Sá, participaram do encontro profissionais dos municípios que compõem a microrregião: Grão Mogol, Cristália, Capitão Enéas, Botumirim e Josenópolis. Os trabalhos foram conduzidos pelas referências técnicas da Coordenadoria de Vigilância em Saúde da SRS, Siderllanny Aparecida Vieira Mendes de Brito e Damaris Soares. O principal tema abordado foi o diagnóstico e o tratamento da tuberculose pulmonar.
Na oportunidade, também foram abordadas questões sobre as diretrizes clínicas para o enfrentamento da tuberculose; organização da rede laboratorial de tuberculose em Minas Gerais; introdução de inovações no diagnóstico e fluxos de atendimento e encaminhamento de pacientes para tratamento em centros de referência.
A busca ativa de sintomáticos respiratórios e a atuação dos serviços de atenção primária no controle da tuberculose também fizeram parte das discussões. Desafios e perspectivas para a implementação do Programa de Controle da Tuberculose foram abordados por Débora Danyelle Ribeiro, da Secretaria Municipal de Saúde de Francisco Sá.
Siderllanny Brito explicou que, neste ano, “entre as estratégias e prioridades para a implementação das ações de controle da tuberculose está a realização de capacitações de profissionais de saúde, incluindo os agentes comunitários de saúde que desempenham importante trabalho na busca ativa de sintomáticos respiratórios. Além disso, esses profissionais viabilizam o fortalecimento do vínculo dos serviços de saúde com os pacientes, essencial para a adesão e o sucesso do tratamento”.
Outra estratégia que a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) implementará junto com os municípios será o fortalecimento da vigilância e assistência ao enfrentamento da tuberculose nas populações especiais, entre elas instituições com pessoas privadas de liberdade. Também serão realizadas análises epidemiológicas conjuntas com a Coordenação de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids), para a qualificação das informações e fortalecimento das atividades colaborativas.
A doença
A coordenadora de vigilância em saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, explica que a tuberculose é transmitida de pessoa para pessoa pelo ar, quando o doente tosse, espirra, canta ou fala. A tosse com duração de duas ou mais semanas é um dos principais sintomas da doença, acompanhada ou não de febre ao final da tarde, suor noturno e emagrecimento. “Qualquer pessoa pode adoecer por tuberculose, mas aquelas que vivem com o vírus HIV/Aids; diabéticos; pessoas que convivem com outras acometidas por tuberculose; pessoas em situação de rua ou privadas de liberdade estão entre os grupos de maior risco de adoecimento”, alerta a coordenadora.
Apesar da gravidade da doença, ela tem cura. O tratamento é gratuito e está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, frisa Agna Menezes, “o abandono do tratamento no tempo mínimo de seis meses é um dos principais desafios para o controle da tuberculose. Trata-se de uma situação grave e que pode levar o doente à morte, além de manter a transmissão da doença e ocasionar o aparecimento de bactérias mais resistentes aos medicamentos”.
Cenário releva preocupação de casos no Norte de Minas
Dados da SES-MG apontam que em 2022 foram notificados 4.773 casos de tuberculose no estado. Desse total, 2.158 casos foram notificados em 15 municípios.
No ano passado, com 122 casos notificados, Montes Claros ficou na sétima posição entre os municípios de Minas com maior incidência da doença. Ainda de acordo com dados da SES-MG, 543 municípios notificaram pelo menos um caso de tuberculose em 2022.
Entre 54 municípios que compõem a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, no ano passado foram notificados 205 casos de tuberculose. Trinta e seis municípios registraram pelo menos um caso da doença.
Siderllany Brito explicou que diante da importância das ações voltadas para o fim da tuberculose como problema de saúde pública, a equipe técnica da SES-MG tem apoiado os municípios na implementação das ações para que os trabalhos alcancem bons resultados.
O Programa Estadual de Controle da Tuberculose de Minas Gerais (PECT-MG) tem como objetivo principal reduzir o coeficiente de incidência de casos para menos de 10 por 100 mil habitantes. Para isso, o trabalho tem como foco orientar as ações de vigilância, assistência e planejamento em saúde, além de uma série de propostas efetivas e pactuadas para o enfrentamento da doença no Estado envolvendo diversas frentes.
Nesse contexto, por meio da Resolução 8.161, publicada dia 18 de maio de 2022, a SES-MG repassou mais de R$ 2,5 milhões a 86 municípios da macrorregião de Saúde Norte para a operacionalização dos planos nacional e estadual pelo fim da tuberculose.
Dos recursos referentes à parcela fixa, 45% são destinados para despesas de custeio, entre elas: aquisição de insumos, materiais de consumo, ampliação das equipes com a contratação de profissionais de saúde e digitadores; locação de veículos, de espaços físicos e tendas; compra de combustível e outras despesas necessárias para a implementação do Plano Municipal. (Ascom SES-MG)
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