Neste primeiro semestre de 2023, a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros está intensificando o acompanhamento e monitoramento das ações de implantação do Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral nos municípios de Francisco Sá, Jaíba, Montes Claros, Grão Mogol e Fruta de Leite. Os trabalhos foram iniciados em 2021, com a realização de treinamento de profissionais de saúde das localidades que foram selecionadas pelo Ministério da Saúde, para compor a primeira etapa do Programa que envolve 132 cidades do país.
Além dos cinco municípios da SRS Montes Claros, o Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral tem a participação de sete municípios que estão na área de atuação da Gerência Regional de Saúde (GRS) de Januária: Itacarambi, Manga, Montalvânia, São Francisco, São João da Ponte, São João das Missões e Varzelândia. Na área de atuação da GRS de Pirapora, o município selecionado foi Santa Fé de Minas.
A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa grave, sistêmica e que pode causar a morte de pessoas se não for tratada. No meio urbano, o principal reservatório da doença são os cães.
Por esse motivo, a referência técnica das coordenadorias de vigilância epidemiológica e de saúde da SRS Montes Claros, Bartolomeu Teixeira Lopes, explica que “a definição dos primeiros 132 municípios selecionados pela Coordenação de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, levou em conta as localidades que nos últimos três anos apresentaram alta, intensa, ou muito intensa transmissão da leishmaniose visceral”. Nesse contexto, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) participa da execução do Programa proporcionando suporte técnico aos municípios para a implementação das ações de campo e monitoramento de indicadores.
Nos municípios da área de atuação da SRS, além da realização de testes rápidos para detecção da leishmaniose em cães, a previsão é de que 19.260 animais recebam uma coleira impregnada com deltametrina 4%. A substância tem ação repelente contra o mosquito transmissor do parasita da leishmaniose visceral. O insumo é de uso exclusivo em cães, a partir de três meses de idade, e deve ser trocado a cada seis meses.
“Para o controle da leishmaniose em áreas que apresentam alta incidência de transmissão da doença, serão realizados oito ciclos de encoleiramento de cães. Em alguns municípios o trabalho já está em fase adiantada e os resultados observados pelos técnicos são positivos, além da boa aceitação por parte da população pelo fato de viabilizar o controle de uma doença que pode ser fatal”, observa Bartolomeu Lopes.
Projeto-piloto releva eficiência de coleiras com inseticida
A coordenadora de Vigilância em Saúde da SRS Montes Claros, Agna Soares da Silva Menezes, explica que por meio de estudos de intervenção controlados e multicêntricos, realizados em 2010 em 14 municípios do país, entre eles Montes Claros, o Ministério da Saúde concluiu que a proposta de incorporação de coleiras impregnadas com inseticida deltametrina a 4% para o controle da leishmaniose visceral foi responsável pela redução de 50% da prevalência da doença em cães. Após a obtenção desse resultado, o Ministério da Saúde realizou avaliação de custo e efetividade, chegando à conclusão de que os investimentos com o uso do insumo são positivos.
“Os municípios são divididos em áreas que são determinadas a partir de setores censitários, considerando o coeficiente de incidência acumulada de leishmaniose visceral ou pelo menos um dos seguintes indicadores: número de cães por habitante; prevalência canina ou vulnerabilidade socioeconômica”, pontua a coordenadora.
A doença
A ocorrência da leishmaniose visceral é descrita no Norte de Minas desde a década de 1940 e, no Vale do Rio Doce, desde 1960. A partir da década de 1980, a leishmaniose visceral se expandiu para o ambiente urbano. A doença é transmitida pelo vetor Lutzomyia longipalpis, conhecido popularmente pelo nome de mosquito palha, tatuquiras, birigui, entre outros.
Os principais sintomas são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular e anemia. Apesar de grave, a leishmaniose visceral tem tratamento gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
“A leishmaniose visceral é uma doença de notificação compulsória. A partir de todo caso suspeito, se torna obrigatória a investigação, com a avaliação do paciente e a realização dos exames que possam confirmar o caso, bem como desencadear ações ambientais para o controle da doença”, explica Agna Menezes.
No Norte de Minas, o Hospital Universitário Clemente de Faria, sediado em Montes Claros, é a unidade de referência para tratamento de pacientes acometidos pela leishmaniose visceral.
Para a realização de exames, os pacientes residentes em Montes Claros são encaminhados para a Policlínica do bairro Alto São João, onde é feita coleta de sorologia. Nas demais localidades, esse procedimento é de responsabilidade das secretarias municipais de saúde. As amostras são encaminhadas para análise no Laboratório Macrorregional da SES-MG, sediado em Montes Claros. (Ascom SES – MG)
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