Sobre tudo que nos foi tirado... - Rede Gazeta de Comunicação

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Sobre tudo que nos foi tirado…

VINÍCIOS SANTOS

Jornalista

Nesta manhã, já na segunda metade do mês de dezembro deste ano cinza, eu retornei – após meses – ao meu querido e inesquecível campinho do Centro Comunitário de Vivência Educacional Cristã – Professor Luiz Flávio Pereira (ou simplesmente, CCVEC, como nós chamamos carinhosamente o educandário).

E foi triste. Foi triste ver o campinho parado, com o mato um pouco alto, e sem aquela pulsação envolvente que as nossas manhãs de futebol entre amigos proporcionou, até o mês de fevereiro; já não há mais os meninos, sentados à beira do campo, já não há mais os gritos que imploravam pelo passe preciso, pela jogada inesperada; e já não há mais ela, a Bola, protagonista de tantos momentos, que ficaram marcados em nossa memória e os quais revivemos saudosistas, agora, apenas em nossas lembranças.

No campo apenas algumas mangas caídas, da árvore que outrora fora a sombra e o refúgio nos dias de calor; e o som dos muitos pássaros, que ali vivem. Sem gente, sem gols, sem sorrisos, sem emoção. Só mesmo a saudade e a certeza de que a Pandemia provocada pelo novo Coronavírus tirou muito de todos nós. Muito. Quantos amigos nós só encontrávamos no dia da ‘pelada’? (Só este ano percebi isso); quantos amigos passaram a ser como irmãos, dentro de campo? Nunca me esqueço de quando um amigo perdeu o avô, e, juntos, ao centro do campo, o abraçamos e choramos todos. Não era só futebol… Nunca foi. Eram os melhores amigos que alguém poderia querer…

Hoje, por outro lado, eu chorei sozinho. A Pandemia tirou de nós – além das tantas vidas infelizmente perdidas – os abraços, os sorrisos, os sonhos… Só quem joga sabe o que é a sensação de ver nossos ídolos, na quarta-feira, no final de semana, e depois ir ao campo com os amigos, marcar um gol, dar um passe, aplicar uma caneta… Só quem joga sabe, sente, vive, e pulsa… Grita e bate no peito, porque tudo aquilo vibra em nossa alma: coração e bola sempre em sintonia. Só quem joga entende…

A Pandemia vai passar. Mas ainda levará certo tempo. E, infelizmente, contra este adversário não há marcação de zagueiros que resolva, nós somos apenas torcedores… Torcemos e rezamos pela cura, e, até lá, só podemos seguir nos higienizando, a cada saída. Até lá, muito ainda nos será tirado. Mas tenhamos fé… Não só por nós, mas por todos que se foram… Dediquemos a eles todo nosso respeito, nossas lembranças e carinho, e também os nossos gols e sorrisos que virão.