GABRIELE SANTOS
Uma tragédia abalou Montes Claros, no Norte de Minas, quando uma menina de apenas 7 anos faleceu na quinta-feira (2), após ser admitida em estado crítico no Hospital Universitário Clemente de Faria. O drama foi agravado pela ausência de leitos pediátricos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, que dispõe apenas de leitos neonatais e adultos.
A criança foi transferida para o Hospital Universitário na quinta-feira (2), após receber atendimento no Hospital Municipal Alpheu de Quadros. A equipe médica do Clemente de Faria prestou assistência à menina, porém, devido à falta de leitos pediátricos disponíveis na região, não foi possível garantir o tratamento adequado.
Esforços foram feitos para encontrar uma vaga em UTI pediátrica em outros hospitais, mas todas as tentativas foram em vão. Mesmo com a emissão de um laudo para buscar assistência fora da macrorregião norte, a saúde da menina se deteriorou rapidamente, resultando em seu falecimento na tarde de sexta-feira.
A tragédia evidencia a gravidade da situação de saúde em Montes Claros, levando à declaração de situação de emergência em saúde pública. O decreto, válido por 60 dias, destaca a escassez de leitos pediátricos, em meio aos casos de síndrome respiratória aguda grave e arboviroses.
Em resposta, a Prefeitura de Montes Claros implementou medidas de intervenção na gestão dos leitos pediátricos do sistema único de saúde. Além disso, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Chiquinho Guimarães será temporariamente convertida em um hospital de urgência pediátrica.
Nota Oficial do Hospital Universitário Clemente de Faria (HU Unimontes):
O HU Unimontes lamentavelmente não dispõe de leitos de UTI pediátrica no momento. No dia 2 de maio, a equipe do Hospital Municipal Alpheu de Quadros transferiu uma criança de sete anos, em estado grave, para o HU Unimontes. A criança foi prontamente encaminhada para a sala vermelha do Pronto-Socorro, onde recebeu suporte e acompanhamento de um pediatra durante todo o período de internação.
Diante da gravidade do caso, foram realizadas tentativas para conseguir uma vaga em UTI pediátrica em outros hospitais da rede, porém, infelizmente, sem sucesso. Adicionalmente, foi emitido um laudo com o intuito de buscar judicialmente uma vaga em UTI pediátrica fora da macrorregião Norte. Entretanto, a saúde da criança se deteriorou ainda mais no início da tarde do dia 3 de maio, culminando em seu falecimento.
O HU Unimontes expressa profundos sentimentos de pesar à família enlutada e aos amigos neste momento difícil.
Montes Claros Declara Situação de Emergência devido à Escassez de Leitos Pediátricos
A Prefeitura de Montes Claros anunciou a declaração de situação de emergência em saúde pública, motivada pela falta de oferta de leitos pediátricos, resultante do aumento significativo de casos de síndrome respiratória grave em crianças, além do elevado número de ocorrências de arboviroses.
Segundo o Procurador-Geral do Município, Dr. Otávio Rocha, o Decreto apresenta dois pontos cruciais para a saúde da maior cidade do Norte de Minas. “O primeiro ponto essencial do Decreto é restringir o encaminhamento de pacientes de outros municípios para Montes Claros, até que a situação seja normalizada. Nosso objetivo é suspender a disponibilidade de leitos fora de Montes Claros”, ressalta.
O segundo ponto relevante do Decreto é permitir uma intervenção parcial no sistema, possibilitando que a Secretaria Municipal de Saúde aloque diretamente e encaminhe pacientes para a rede de atendimento própria e conveniada do Município de Montes Claros. “Com o decreto, os prestadores conveniados serão submetidos a essa regulação extraordinária, permitindo que a Secretaria de Saúde ocupe as vagas disponíveis na cidade para o fornecimento de pediatria”, acrescenta.
O Procurador enfatiza que essa é uma situação excepcional e temporária, desencadeada pelo agravamento sazonal da síndrome respiratória grave, juntamente com o aumento dos casos de arboviroses, não apenas em Montes Claros, mas em todo o Estado e país. “O decreto é uma medida excepcional e assim que a situação for resolvida, tudo voltará ao normal. São medidas essenciais para garantir o atendimento pleno. Internamente, iremos transformar a Unidade de Pronto Atendimento Chiquinho Guimarães (UPA) em uma unidade de reforço para atendimento na área de pediatria”, destaca.
Em relação aos leitos, o Procurador-Geral informa que no ano anterior o município fez uma pactuação financeira e repassou uma parte para o Hospital da Santa Casa. No entanto, esses leitos não foram disponibilizados. Agora, o município buscará responsabilizar o prestador, pois esses leitos são essenciais para o sistema e a falta deles causa transtornos, colocando crianças em situação de alto risco.
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