O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra, Pastorais Sociais e movimentos populares se juntam para colocar comida na mesa de famílias carentes da periferia de Montes Claros “Nada é mais urgente que a fome e nada é mais ultrajante do que se deparar com homens e mulheres, pais, mães, avós que vêm voltar às suas cassas a degradante presença da miséria. Há um ano vivendo os impactos da pandemia da Covid-19, metade da população brasileira convive com a insegurança alimentar, o desemprego em massa e a falta de perspectiva de futuro. Um cenário desolador, que pensávamos ter vencido há 17 anos. Mas se a pandemia escancarou as nossas mazelas, ela também fortaleceu a nossa solidariedade, a nossa empatia. Prova disso é que no último domingo, mais um mutirão se formou para levar para a periferia de Montes Claros, alimento para quem tem fome.
Cerca de quatro toneladas e meia de alimentos produzidos nos assentamentos Eloy Ferreira, em Engenheiro Navarro, João Pedro Teixeira, em Olhos-d’ Água, professor Mazan e Garrote, em Bocaiuva, Darcy Ribeiro, em Capitão Enéas, no acampamento da Fazenda Arapuim, em Pedras de Maria da Cruz, no assentamento Estrela do Norte, em Montes Claros e na Escola Família Agrícola (EFA), localizada na Área de Experimentação do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas – CAA. Produção que chegará às mesas de famílias que enfrentam dificuldades em função da fragilidade socioeconômica que já viviam antes mesmo da pandemia. Homens e mulheres que vivem na informalidade, em trabalhos precários, sem direitos e assistência e que agora, mais do que nunca, estão mais expostos aos riscos do novo coronavírus.
“Nosso Movimento, que sempre foi construído com solidariedade de organizações e diversas instituições é solidário com as famílias em situação de pobreza das periferias de Montes Claros. A reforma agrária, na prática, é ver a terra repartida com quem nela trabalha, é produzir alimentos saudáveis para a classe trabalhadora do campo e da cidade, é lutar por democracia”, destaca o coordenador regional do MST, Samuel Costa.
Para a coordenadora das pastorais sociais da Arquidiocese de Montes Claros, Sônia Oliveira, a segunda onda da pandemia acentuou os graves problemas socioeconômicos da nossa cidade e região. “O que temos visto é que a fome realmente voltou e é uma triste realidade. O número de famílias em extrema vulnerabilidade e miséria cresceu muito. Famílias sem trabalho, sem teto e sem perspectiva. Assisti-las é uma urgência”. O mês de abril marca indelevelmente a história do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra no Brasil. Foi em 17 de abril de 1996, em Eldorado dos Carajás, no Pará, que 19 trabalhadores rurais acampados foram atacados e assinados pela polícia. A luta pelo direito a terra, a luta por reforma agrária, por trabalho e renda, lutas ainda intermináveis que agora se somam à luta por comida na mesa dos mais fragilizados. (GA)
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