A crescente frequência e intensidade de secas e cheias no Brasil exige uma abordagem adaptativa e eficaz para a gestão dos recursos hídricos. Segundo Ivo Pugnaloni, engenheiro e CEO da ENERCONS, o fortalecimento de reservatórios de regularização é essencial para estocar água quando há abundância e disponibilizá-la em momentos de escassez.
Com uma carreira marcada por crises hídricas, Pugnaloni compartilha sua visão sobre a situação atual do abastecimento e suprimento energético no país. Embora os jornalistas tenham demonstrado preocupação com colapsos em 2024, ele assegura que, apesar dos desafios locais, os reservatórios ainda possuem água suficiente para garantir o abastecimento nas principais regiões urbanas, como a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).
“Não prevejo dificuldades de abastecimento de água nem de energia elétrica, pois os reservatórios, construídos há décadas, ainda têm capacidade de atender à demanda”, afirma. Ele explica que, atualmente, as usinas térmicas são acionadas não por falta de água, mas para suprir picos de carga, especialmente no final do dia, quando a produção solar diminui.
Entretanto, a construção de novos reservatórios enfrenta barreiras significativas, como os impactos ambientais e sociais, que muitas vezes impedem o avanço de projetos essenciais. Para Pugnaloni, é crucial que as entidades de licenciamento considerem não apenas os efeitos locais, mas também a segurança hídrica das grandes cidades e a resiliência energética do Brasil.
A adaptação às mudanças climáticas, conforme argumenta Robert Pindyck em seu livro “Climate Future”, deve incluir iniciativas proativas, como a construção de barragens de regularização. “Precisamos de uma metodologia de licenciamento ambiental que considere uma visão holística, priorizando a segurança hídrica e energética”, conclui Pugnaloni.
Ele destaca ainda que a atual matriz energética brasileira, embora em transição, não pode se basear apenas em fontes renováveis intermitentes, como a solar e a eólica. “Sem novas hidrelétricas, nossa dependência das termelétricas aumentará, e isso pode trazer consequências sérias para a segurança energética do país.”
Por fim, Pugnaloni expressa preocupação com a falta de progresso na precificação das externalidades no setor elétrico e alerta para os riscos jurídicos que podem advir caso o Ministério de Minas e Energia não atenda às diretrizes legais estabelecidas. A necessidade de uma abordagem integrada e sustentável na gestão dos recursos hídricos e na transição energética é mais urgente do que nunca.
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