Quando devemos medir onde gastar nosso tempo? - Rede Gazeta de Comunicação

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Quando devemos medir onde gastar nosso tempo?

Gregório José

Jornalista/Radialista/Filósofo

Em um mundo onde o tempo se tornou uma mercadoria preciosa, somos compelidos a vender nossas horas em troca da subsistência. Alimentamos-nos, vestimo-nos, procuramos conforto e prazer, mas frequentemente relegamos ao segundo plano aquilo que verdadeiramente importa: o amor, a conexão e a valorização do essencial.

Desperdiçamos nossas horas em indulgências passageiras, em prazeres efêmeros, sem perceber que, gradualmente, comprometemos nossa própria saúde. Em uma busca incessante por mais, por além da média, sucumbimos ao engodo da satisfação imediata, ignorando as consequências que se avizinham.

Entregamo-nos às empresas como se fôssemos meros recursos, commodities a serem exploradas e descartadas ao menor sinal de declínio. Somos trocados por versões mais jovens, menos experientes, enquanto nossas habilidades e sabedoria são relegadas ao esquecimento. Os novos mestres proclamam o potencial futuro da juventude, esquecendo-se de que nós, os mais experientes, possuímos o mesmo potencial, enriquecido pela vivência.

Vendemos nosso tempo, sacrificando oportunidades preciosas, adiando sonhos e aspirações em prol de uma ilusória segurança material. Deixamos de lado festas, viagens, momentos preciosos ao lado da família e dos filhos, acreditando que teremos sempre o amanhã para resgatá-los. Mas, ao final, confrontamo-nos com a dolorosa verdade de que o tempo perdido jamais poderá ser recuperado.

É chegada a hora de repensarmos nossas prioridades, de reconhecermos o valor intrínseco do tempo e da vida. Em uma sociedade que valoriza a produtividade acima de tudo, devemos lembrar que a verdadeira riqueza reside na qualidade dos momentos que vivemos, no amor que compartilhamos e na conexão que estabelecemos com o mundo e com os outros.

Que possamos, assim, resgatar o tempo perdido, investindo-o naquilo que verdadeiramente importa, cultivando relações genuínas, perseguindo sonhos e nutrindo o espírito. Pois, como afirmava, em sua sabedoria, o filósofo René Descartes: “A sabedoria consiste em não nos afastarmos da natureza humana, mas adaptá-la a suas exigências”.