ANA FONSECA
Historiadora e professora de História do Colégio Santa Amália Maple Bear, em São Paulo
Essa discussão faz-se ainda mais necessária ao considerarmos o momento que estamos vivendo. Uma das maneiras de contornarmos essa situação é a elaboração de projetos pedagógicos que os coloquem como sujeitos ativos e que busquem soluções para problemas reais de maneira autônoma, a partir da orientação do professor.
Neste contexto, os alunos podem, por exemplo, realizar projetos voltados a informação comunitária sobre a doença COVID-19, por meio da elaboração de newsletters produzidas por eles próprios e divulgadas entre a comunidade que os circundam, o que os coloca como sujeitos ativos não apenas do ponto de vista acadêmico, mas também cidadão.
Outra possibilidade está na elaboração de atividades, por parte dos estudantes, que busquem o acolhimento, distração e compartilhamento de ideais e atividades entre os alunos. Em São Paulo, por exemplo, no Colégio Santa Amália Maple Bear, os alunos do Ensino Médio (High School), com orientação da professora Daniela Araújo e Jacira Motta, desenvolveram um Yearbook, um álbum anual com memórias da turma, cujo processo e resultado proporcionou o compartilhamento de boas memórias, experiências e troca de carinho no contexto atual que é, muitas vezes, até solitário.
Do ponto de vista de contemplação de conteúdo, competências e habilidades relacionadas à diversidade étnico-racial do país, os alunos dos 7º, 8º e 9º anos do CSA, sob minha orientação, criaram a partir de suas próprias pesquisas, um mapa interativo em que é possível identificar espaços no Brasil relacionados à atuação e história negra. Neste projeto, os estudantes tiveram a possibilidade de escolher os espaços/personagens sobre os quais iriam pesquisar e produziram um resultado que pode ser acessado pelo público além dos muros da escola.
Por essa razão, considerar a participação e atentar-se às necessidades dos alunos e suas distintas realidades é fundamental para garantir o aprendizado do estudante, mesmo em tempos de pandemia. Além disso, respeitar o interesse dos aprendizes é fundamental para que percebam e construam a educação a partir de suas experiências identitárias, seja do ponto de vista cultural, seja do ponto de vista social. Afinal, a construção de espaços de escuta e compartilhamento de ideias proporciona a formação de um ambiente mais favorável ao aprendizado.
Práticas que incentivam o protagonismo juvenil escolar não são inéditas do ponto de vista pedagógico, mas em tempos de pandemia tornam-se fundamentais como uma estratégia de exercício democrático, que ao mesmo tempo, garante um aprendizado significativo mesmo em condições contrárias ao bem-estar integral, aproximando-se da efetivação dos direitos humanos com relação à democracia, à cidadania, à vida digna e aprendizagem.
Cabe a todos pensarmos como esses projetos e ideias também podem chegar a diferentes realidades do país.
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