Povo na rua, economia e pandemia (Parte 2) - Rede Gazeta de Comunicação

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Povo na rua, economia e pandemia (Parte 2)

GAUDÊNCIO TORQUATO

Jornalista, escritor, professor titular da USP e consultor político

Portanto, o eleitor, o eixo maior da engrenagem social e política, está de olho aberto para a equação. Sua ida às ruas é a resposta de que a democracia participativa vai bem em nossas paragens. Esse mecanismo tem se fortalecido ao longo do tempo, na Europa, nos Estados Unidos e em outras regiões, sob o fluxo de conscientização política e ações em defesa dos direitos individuais e coletivos. Desenvolve-se o que podemos designar como uma autogestão técnica, que consiste na definição pelos cidadãos dos rumos a seguir e os meios que podem garantir sua caminhada.

A conscientização tem ganhado volume com a crise da democracia representativa, caracterizada por não cumprimento da agenda social pelos conjuntos representativos. O povo tem se distanciado dos políticos, até com indignação, abrindo um vazio na sociedade que está sendo ocupado por milhares de entidades de intermediação – associações, sindicatos, núcleos, grupos, setores, movimentos. Assim, a organicidade social tem sido a resposta às falhas da democracia representativa. Ou, em outros termos, a democracia participativa – que nos deu na CF o referendo, o plebiscito e o projeto de iniciativa popular – é a bola da vez, mas a pelota agora é jogada nas ruas.

E são cada vez são menos os jogadores (eleitores) que participam de peladas patrocinadas por partidos, bandeiras e cores. A maioria quer entrar em jogos patrocinados por suas necessidades. Pavlov classifica dois grupos de instintos: os de preservação do indivíduo (impulso combativo e impulso nutritivo) e os de perpetuação da espécie (impulso sexual e impulso paternal). Pois bem, as pessoas agem para se defender das ameaças humanas e as da natureza (catástrofes) e, ainda, para garantir a saúde de seu corpo (alimento para suprir o estômago). Os dois primeiros instintos de Pavlov embasarão o caminho a ser seguido pelo povo. Economia e pandemia se cruzarão. Em suma, povo na rua vai depender das coisas boas e ruins que ocorrem ou ocorrerão nos próximos tempos sob a égide da administração pública. Maior ou menor movimentação social decorrerá dessa hipótese. O povo luta por sobrevivência. Lembrando o velho ditado: a necessidade obriga.