Além do grande risco de acidentes fatais, linhas chilenas e cerol podem causar falta de energia em grandes circuitos do sistema elétrico
O clima seco e os ventos fortes tornam esta época do ano propícia para crianças e jovens saírem ao ar livre para empinar pipa. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) alerta para cuidados necessários para que a brincadeira não provoque acidentes, que podem gerar vítimas fatais e prejuízo para milhares de famílias, com a falta de energia elétrica, principalmente com o uso de linha chilena ou cerol.
Somente nos quatro primeiros meses deste ano, a Cemig registrou aproximadamente 458 ocorrências com a rede elétrica causadas por pipas, que prejudicaram quase 100 mil clientes em todo o estado.
Apenas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), essa brincadeira gerou cerca de 174 ocorrências de falta de energia, deixando aproximadamente 44 mil unidades consumidoras sem luz.
Em 2023, a Cemig registrou 2.837 ocorrências causadas por pipas, que prejudicaram 760 mil clientes. Na RMBH, foram 1.292 ocorrências, que interromperam o fornecimento de energia de quase 430 mil residências.
Além de todo prejuízo causado com essas ocorrências, a utilização de material cortante na prática da brincadeira pode ter consequências fatais, como ocorreu, na semana passada, com um motociclista de 23 anos, que morreu ao ser cortado por uma linha chilena na MG-010, em Vespasiano, na RMBH.
O técnico de Segurança do Trabalho da Cemig, Cesar de Jesus Souza, orienta que a brincadeira de soltar pipas não deve ser realizada em áreas urbanas. De acordo com o especialista, a prática deve ser feita em áreas abertas e distantes da rede de distribuição da companhia.
“Hoje em dia, com a grande quantidade de rede de distribuição nos centros urbanos, a brincadeira de soltar pipas ficou inviável nesses locais. Caso a pipa fique presa em um componente da rede elétrica, a pessoa pode tomar um choque de até 13,8 mil volts. Por isso, é fundamental que os pais orientem os seus filhos para evitar acidentes que podem até matar”, destaca.
Mantenha distância da rede elétrica
Cesar Souza alerta que nunca se deve tentar resgatar pipas presas na rede elétrica, pois o risco de acidentes é muito grande.
“As redes de distribuição, de transmissão e as subestações da Cemig são construídas dentro dos padrões das normas técnicas brasileiras, com características e distanciamentos que são seguros. Dessa forma, a aproximação indevida e o uso de cerol e linha chilena têm sido os motivos dos principais acidentes com a rede elétrica da companhia”, alerta Cesar.
Por isso, o especialista pede consciência aos pais e jovens para evitar a soltura de pipas em ambientes próximos da rede da Cemig e também não utilizar, em hipótese alguma, as linhas cortantes. “As consequências das ocorrências podem ser catastróficas para um hospital, por exemplo”, adverte o técnico da empresa de energia.
Outro risco é que o uso do cerol pode transformar uma simples linha de papagaio em um material condutor e provocar choque elétrico ao entrar em contato com a rede. Além disso, Cesar Souza conta que muitas crianças amarram pipas com arames e fios. “São materiais altamente condutores e que acabam sendo energizados quando tocam os cabos da rede de energia, causando o choque elétrico”.
As linhas cortantes também causam perigo a outras pessoas. “Quando alguém utiliza uma linha cortante ela pode cortar os cabos de energia e causar acidentes graves para quem está brincando ou com outras pessoas. Nunca se deve usar cerol ou linha chilena neste tipo de brincadeira”.
Lei proíbe uso de linhas cortantes
A lei 23.515/2019 proíbe a utilização de cerol ou linha chilena em Minas Gerais. Essa legislação, que veda a comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares, estabelece multa para quem for flagrado vendendo linhas cortantes varia de R$ 5.279,70 a R$ 263,98 mil (em casos de reincidência).
Já quando a linha cortante apreendida estiver em poder de criança ou adolescente, seus pais ou responsáveis legais serão notificados da autuação e o caso será comunicado ao Conselho Tutelar.
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