Os primeiros resultados de uma pesquisa realizada entre agosto de 2020 e outubro de 2021 sobre os efeitos da Covid-19 sobre a agricultura familiar, os alimentos e a água no Vale do Jequitinhonha Mineiro estão reunidos num boletim informativo que acaba de ser divulgado pelos pesquisadores responsáveis. O estudo contempla 12 municípios da região. Os pesquisadores do IFNMG, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), do Centro de Agricultura Vicente Nica (CAV) e do Instituto de Trabalhadores e Trabalhadoras do Vale do Jequitinhonha (Itavale) estão envolvidos com os projetos que geraram a pesquisa, aprovados no IFNMG e no CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
O boletim apresenta alguns dos principais aspectos revelados pela pesquisa até o momento, como a queda da renda da agricultura familiar, principalmente devido a dificuldades para a comercialização dos produtos. Durante a pandemia, as feiras livres, onde os agricultores familiares vendem a maior parte da produção, foram temporariamente fechadas e voltaram a funcionar de forma parcial e/ou com restrições. A pandemia também ocasionou outros entraves e dificuldades para a agricultura familiar do Jequitinhonha, como os relacionados à produção em si, ao transporte e ao abastecimento de água.
Outro aspecto significativo destacado pelos pesquisadores é a migração de retorno, ou seja, a volta aos municípios de origem no Vale do Jequitinhonha de muitos migrantes que já estavam estabelecidos em outras regiões do país. Isso ocorreu, de acordo com a análise dos autores, devida a perda de emprego, diminuição de renda ou restrições de distanciamento social. Nos municípios para os quais essas pessoas retornaram, houve impactos nas áreas de saúde, assistência social e ocupação. Observou-se, ainda, o deslocamento da população urbana para áreas rurais.
O boletim aponta, também, as diferenças entre os municípios estudados na forma de enfrentar as situações impostas pela pandemia, como dificuldades sanitárias e sociais, sendo algumas prefeituras municipais mais proativas para adaptar ações e articular programas públicos para esse enfrentamento. Os pesquisadores fizeram o levantamento de inciativas públicas de organizações da sociedade civil que favoreceram o acesso aos alimentos e fortaleceram as vendas de agricultores familiares durante a pandemia.
Enfrentamento – De acordo com o professor e pesquisador do IFNMG Vico Mendes Pereira Lima, a ideia é produzir novas edições do boletim informativo com mais dados da pesquisa. Ao pesquisar, registrar e disseminar informações sobre as soluções locais, os entraves e as demandas ocasionadas pela pandemia da Covid-19 sobre a agricultura familiar do Vale do Jequitinhonha, os projetos de pesquisa objetivam favorecer, diretamente, o enfrentamento da crise. Lima destaca algumas das frentes em que isso vem acontecendo: compartilhamento de dificuldades e inovações criadas em municípios e comunidades para convívio com a Covid-19; unificação de demandas e soluções em programas públicos; facilitação de ações unificadas e parcerias entre organizações de atuação de larga escala espacial no Jequitinhonha, como CAV, Itavale, organizações religiosas e públicas; identificação dos principais pontos de estrangulamentos em grandes crises que atingem a agricultura familiar; capacitação da equipe de agentes de desenvolvimento rural, técnicos, estudantes, pesquisadores e professores para atuar em situações de emergência social; fortalecimento das parcerias entre instituições de ensino e organizações de extensão rural que atuam no vale do Jequitinhonha. (GA)
Compartilhe isso:
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)