Organizações ambientais pedem que Lula vete fim de licenciamento de eucaliptos - Rede Gazeta de Comunicação
Organizações ambientais pedem que Lula vete fim de licenciamento de eucaliptos

Organizações ambientais encaminharam um ofício ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, solicitando que ele vete o projeto de lei que propõe a exclusão da silvicultura, abrangendo o cultivo em grande escala de eucaliptos, pinus e mongos, da lista de atividades consideradas potencialmente poluidoras e consumidoras de recursos ambientais, modificando assim a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981). A Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), o Instituto Socioambiental (ISA), o Observatório do Clima e a WWF Brasil foram os remetentes do ofício, conforme anunciado pelas organizações na segunda-feira (27).

“A silvicultura, especialmente em larga escala, possui um potencial poluidor significativo que não pode ser ignorado. Permitir que essa atividade ocorra sem o devido licenciamento ambiental é um convite à ampliação da degradação ambiental e à extinção de espécies”, alerta o presidente da Abrampa, Alexandre Gaio.

As organizações criticam o projeto, pois ele propõe dispensar a necessidade de licenciamento ambiental prévio para as atividades relacionadas à silvicultura. Aprovado com urgência pela Câmara dos Deputados em 8 de maio, o assunto aguarda a decisão presidencial.

Em um dos comunicados enviados ao presidente, as organizações referem-se a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que destacam a importância do licenciamento prévio para atividades que possam causar danos ao meio ambiente.

“São múltiplas as decisões do STF afirmando a inconstitucionalidade de se dispensar a silvicultura de licenciamento ambiental, por se tratar de atividade potencialmente causadora de degradação ambiental”, disse o consultor jurídico do ISA Mauricio Guetta.

Segundo as entidades ambientalistas, o projeto aumenta a vulnerabilidade das espécies nativas, facilitando a propagação de espécies exóticas invasoras; contamina os corpos d’água pela utilização intensiva de agrotóxicos e fertilizantes; reduz a biodiversidade devido a conversão de áreas naturais em monoculturas florestais, além de promover conflitos pelo uso da terra e recursos hídricos.

“As organizações concluem que o PL deve ser vetado por inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público, reforçando a importância do licenciamento ambiental como medida preventiva essencial para o desenvolvimento sustentável do país”, defende a analista de políticas públicas do WWF-Brasil, Daniela Malheiros Jerez.

O projeto de lei tem apoio da bancada ruralista e da Indústria Brasileira de Árvores (IBA). Em nota, a IBA defende que “o setor brasileiro de árvores cultivadas soma esforços para construir um país pautado por valores de uma economia de baixo carbono e cada vez mais sustentável”.

Para os defensores do projeto, a silvicultura é uma atividade benéfica ao meio ambiente, por permitir o reflorestamento de áreas degradadas. Entre outras definições, a silvicultura é o cultivo de florestas plantadas para fins comerciais.

O autor do projeto, o ex-senador Álvaro Dias (Podemos-PR), argumentou que não se justificaria incluí-la no rol de atividades potencialmente poluidoras. “O que significa submetê-la a um processo de licenciamento ambiental burocrático e dispendioso que prejudica o desenvolvimento da atividade”, destacou.

(WebTerra)

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