Élid Noronha
Uma operação realizada na terça-feira (17) resultou na prisão de sete pessoas, incluindo proprietários e funcionários de uma clínica de reabilitação para dependentes químicos em Taiobeiras, no Norte de Minas. A ação, coordenada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) com o apoio de diversos órgãos, revelou graves irregularidades no estabelecimento, que funcionava ilegalmente e submetia os internos a condições degradantes e maus-tratos.
Os envolvidos, com idades entre 34 e 48 anos, foram detidos em flagrante sob a acusação de cárcere privado. A clínica, localizada na zona rural de Taiobeiras, foi interditada após a operação, que teve início após denúncias de familiares e ex-internos sobre as condições do local.
Denúncias e condições alarmantes
A investigação apontou que a clínica abrigava cerca de 60 pessoas, incluindo dependentes químicos, deficientes físicos e mentais, que viviam em condições desumanas. Os responsáveis pela operação precisaram escalar um muro de 3,5 metros para entrar na clínica, pois os responsáveis se recusaram a abrir o portão.
Dentro do local, os investigadores constataram que os internos eram mantidos contra sua vontade, sofriam agressões físicas e tinham o contato com suas famílias proibido. Um dos pacientes relatou ter sido agredido no primeiro dia, o que resultou em hematomas visíveis. Segundo ele, o contato com os familiares foi suspenso por 20 dias, dificultando que a família percebesse os sinais de abuso.
As condições de alojamento eram igualmente precárias. Cerca de 40 homens eram amontoados em um único quarto, e outras 20 pessoas dividiam um espaço também inadequado. As mulheres relataram sofrer constantes agressões físicas e psicológicas e disseram que eram punidas caso tentassem fugir.
Cobranças abusivas e contratos
As famílias pagavam entre R$ 1,2 mil e R$ 1,4 mil mensais pelo tratamento, com multas de R$ 3 mil em caso de interrupção. Esses contratos abusivos dificultavam a retirada dos pacientes da clínica, mesmo diante das péssimas condições.
Prisões e medidas tomadas
Com as denúncias confirmadas, sete pessoas foram presas em flagrante. A clínica foi interditada, e os internos foram encaminhados aos cuidados de órgãos municipais até que pudessem retornar para suas famílias.
A delegada Mayra Coutinho enfatizou a gravidade dos maus-tratos, destacando que todos os internos entrevistados relataram experiências de violência e abusos, reforçando o caráter ilegal das práticas na clínica. Os suspeitos seguem à disposição da Justiça, e o caso continua sendo investigado.
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