Omissão da sociedade alimenta a ganância do poder - Rede Gazeta de Comunicação

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Omissão da sociedade alimenta a ganância do poder

SAMUEL HANAN

Engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002)

Precisamos refletir sobre a omissão da sociedade, sobre o silêncio geral diante de tantos desmandos, sobre a aceitação passiva de práticas indecorosas de falsos líderes, ocupantes de cargos públicos que intencionalmente confundem o público com o privado, enriquecendo enquanto oferecem migalhas ao povo.

O político e escritor irlandês Edmund Burke (1729-1797), respeitado membro do Parlamento londrino, já há séculos alertava que “para o triunfo do mal só é preciso que os bons homens não façam nada”. Muito tempo depois, o líder negro norte-americano Martin Luther King (1929- 1968) cunhava outra frase histórica, no mesmo sentido: “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter. O que me preocupa é o silêncio dos bons”.

Alertas não nos faltaram, evidentemente. Foram em vão, infelizmente. Talvez tenhamos confundido docilidade com leniência, ou, quem sabe, simplesmente nos acostumamos com a cruel realidade da impunidade vencendo a moral. Assim, fomos aceitando sem questionamentos a extensão do foro privilegiado para milhares de ocupantes de cargos públicos – praticamente generalizando o que deveria ser exceção – e recentemente assistimos ao retrocesso no sistema legal de combate a corrupção.

Ainda querem nos fazer acreditar que o Brasil é um país de corruptores sem corruptos e nos fazem engolir novos e maiores privilégios destinados aos beneficiados de sempre, enquanto o sistema tributário –(manicômio) – injusto e regressivo – continua a funcionar como a maior fábrica de pobreza do País.

A população já coloca as instituições sob suspeita e descrença, o que indica um caminho muito perigoso para a democracia e para a ordem social.

Como ensinou ao mundo o juiz da corte suprema americana Louis Brandeis (1856-1941), “a luz do sol é o melhor desinfetante”. É hora desse país abrir suas cortinas e deixar o sol entrar junto com uma lufada de ar fresco e moralizante, renovando nossos pensamentos e esperanças, antes que o mofo e a escuridão tomem conta de tudo, definitivamente.

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