O movimento do mercado de trabalho de Montes Claros em junho deste ano foi similar ao de maio, com um saldo positivo de 153 vagas na relação entre as admissões e os desligamentos de trabalhadores formais. E no acumulado do primeiro semestre de 2021 foram criados 1.874 novos postos de trabalho, correspondendo a um crescimento de 2,05% em relação ao mesmo período de 2020. O quadro é apontado pelo boletim divulgado ontem pelo Observatório do Trabalho do Norte de Minas, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O estudo mensal é realizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração (Gepad), vinculado ao Departamento de Ciências da Administração.
“Considerando a dinâmica em junho, a movimentação foi similar ao observado em maio, com certo refreamento nas admissões, mas também nos desligamentos, caracterizando mais a ocorrência de substituições do que propriamente a abertura ou fechamento de postos de trabalho”, afirma o professor Roney Versiani Sindeaux, que coordena o estudo, juntamente com o professor Rogério Martins Furtado de Souza.
“Tal dinâmica tem comportamento semelhante também na perspectiva histórica, pois o saldo do movimento do mercado de trabalho na cidade, no mês em análise, está acima dos saldos apontados no período de 2015 a 2020”, pontua Sindeaux. Por outro lado, ele salienta que o fato das admissões estarem no patamar mais baixo dos últimos 11 meses, não deixa de representar uma preocupação quanto ao ritmo de recuperação do mercado de trabalho local. Isso porque o levantamento aponta também que o ritmo de crescimento (2,05%) da ocupação formal de empregos na cidade em relação ao ano anterior é menor do que o observado nos cenários nacional (3,26%), estadual (3,88%) e regional (3,41%).
“Nesse aspecto, merece destaque o crescimento dos demais municípios do Norte de Minas, pois, ao excluir Montes Claros, a região como um todo apresentou crescimento de 4,33%, acima do obtido pelo resto do estado. A diferença entre o percentual de crescimento de Montes Claros e o percentual de crescimento das demais cidades do Norte de Minas (em conjunto) era de 82% em maio e em junho subiu para 111%”, relata o coordenador do OTNM.
De acordo com a pesquisa da Unimontes, em junho de 2021 foram admitidos 1.417 homens (57,2% do total) e 1.059 mulheres (42,8%) no mercado formal de emprego em Montes Claros. Por outro lado, foram desligados 1.294 homens (55,7% do total) e 1.029 mulheres (44,3% do total). Quanto ao perfil do trabalhador que obteve o melhor resultado no mês na relação entre admissões e desligamentos, o grupo em vantagem foi constituído por homens na faixa etária dos 18 aos 24 anos, com ensino médio completo, contratados por micro e pequenas empresas do comércio, da construção civil e dos serviços, com salários na faixa entre 1 a 1,5 salário mínimo, principalmente.
Entre as mulheres, as características das que obtiveram os melhores resultados enquadram-se na faixa etária dos 18 aos 24 anos, com ensino médio completo ou superior incompleto, contratadas para atuar no comércio com faixa salarial também do 1 a 1,5 salários mínimos. As perdas mais significativas aconteceram para os trabalhadores acima de 30 anos, com ensino médio incompleto, que recebiam na faixa de 0,5 a 1 salário mínimo. No caso dos homens, o setor mais afetado foi o agropecuário, nas pequenas e médias empresas, seguido pelas médias empresas do setor de serviços.
Para as mulheres, observou-se saldo negativo nas médias e grandes empresas do setor de serviços e nas médias empresas do setor agropecuário. Merece registro a perda de postos de trabalho ocupados por homens com pós-graduação, na faixa etária de 40 a 69 anos. O boletim do OBTNM diz ainda que “analisando a evolução ao longo dos últimos nove meses dos saldos mensais por categoria, observa-se que a preferência de contratações permanece sendo por trabalhadores na faixa dos 18 aos 24 anos e que as faixas etárias que mais perderam postos de trabalho são as que abrigam trabalhadores com 50 anos ou mais”.
Quanto à remuneração, revela o estudo do OTNM, no mês de junho as maiores perdas ocorreram para trabalhadores na faixa entre 0,5 a 1 salário mínimo. Porém, no acumulado dos últimos nove meses observa-se que as faixas com o maior saldo de contratação compreendem trabalhadores com remuneração de 0,5 a 1,5 salário mínimo. Há uma contínua perda de postos de trabalho nas faixas com maior remuneração, principalmente entre 5,5 e 7 salários mínimos. Quanto às empresas, no acumulado dos últimos nove meses, o maior volume de saldo positivo ocorre nas microempresas do comércio e dos serviços e as maiores perdas ocorrem nas empresas médias. Foi registrado significativo aumento de contratações para o setor do comércio, tanto para homens quanto para mulheres. O setor agropecuário é o que apresenta o menor desempenho nas admissões.
“Para o mês de julho, seguindo a perspectiva histórica, espera-se que haja maior volume no saldo de contratações sobre os desligamentos”, conclui o professor Roney Sindeaux. (GA)
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