GIRLENO ALENCAR
O Observatório do Trabalho do Norte de Minas constatou que Montes Claros já recuperou os empregos que tinha perdido por causa da pandemia. O professor Rogério Furtado explica “embora possa parecer estranho no contexto que estamos vivendo em relação à pandemia, o mês de fevereiro de 2021 em Montes Claros foi o melhor mês de fevereiro dos últimos seis anos, no que tange a abertura de novos postos de trabalho e ao saldo positivo entre as admissões e desligamentos de trabalhadores formais. Fevereiro sempre foi um mês com queda no número de contratações, complementando os desligamentos de janeiro referente aos empregados temporários contratados para o período natalino”.
Ele explica que o sentido da reta do saldo de janeiro – fevereiro de 2021 acompanha a tendência histórica de queda dos saldos neste período. Porém, tendo em vista que o saldo apurado em janeiro de 2021 representou o melhor janeiro dos últimos nove anos, o mês de fevereiro acompanhou esse volume de movimentações no mercado de trabalho, de modo que o saldo de 363 novos empregos gerados só perde para fevereiro de 2014. É importante observar que não houve apenas um saldo positivo, mas o próprio volume de contratações ocorridas no mês foi o segundo maior dos últimos 36 meses.
No mês ocorreram 3.120 admissões, sendo 57,88% do sexo masculino e 42,12% do sexo feminino. Os desligamentos foram 2.757, sendo 57,82% do sexo masculino e 42,18% do sexo feminino. Com os números apurados nos últimos dois meses, 2021 já apresenta um crescimento positivo de 1,28% em relação a 2020 no número de vínculos ativos em Montes Claros. Este crescimento é maior do que o observado no país como um todo, de 1,19%, porém menor que o ocorrido no estado de Minas Gerais e na própria região Norte de Minas, com crescimentos próximos de 2%.
Nesse sentido, observa-se que já foram recuperados os postos de trabalho desligados em função da pandemia, pois quando comparados o número de vínculos ativos existentes no mês anterior ao inicio da crise provocada pela pandemia com o número de vínculos ativos em fevereiro de 2021, estes já são maiores. Em Montes Claros o crescimento é de 2,65%, percentual superior ao do estado e do país como um todo.
Os trabalhadores mais contratados nos últimos seis meses foram do sexo masculino. 56,7% do total nos últimos seis meses e 58,4% do total no mês atual. Esses percentuais estão ligeiramente mais altos que o percentual histórico da participação do sexo masculino no total de trabalhadores vinculados no mercado formal de Montes Claros que oscila em torno de 55%.
Em fevereiro de 2021, assim como no acumulado dos últimos seis meses, os trabalhadores mais contratados encontram-se na faixa etária de até 24 anos, enquanto que mais foram desligados são os com 50 ou mais anos de idade. Esses números indicam a continuidade de uma tendência já observada nas analises realizadas nos anos anteriores, de substituição dos trabalhadores mais velhos com menor escolaridade e maior salário, por trabalhadores mais jovens, com maior escolaridade que os desligados, e dispostos a receber menores salários.
Distribuição econômica dos postos de trabalho
Com relação à escolaridade, as faixas que perderam postos de trabalho em fevereiro foram as que tinham apenas o ensino fundamental, incompleto ou completo, e o ensino superior completo. Cabe destacar a perda significativa de postos de trabalho da faixa superior completo nos últimos três meses, provavelmente sendo esses trabalhadores de maior idade e maior salário, submetidos ao processo de substituição já citado, decorrente da busca pela redução de custos. Quanto aos setores econômicos, a única variação negativa se fez no setor da Construção Civil, com queda significativa em fevereiro. Porém no saldo acumulado dos últimos seis meses, este ainda é positivo. O setor com o maior saldo positivo no mês foi o de serviços, sendo o que mantém o maior número de postos de trabalho atualmente na cidade.
Porém é importante registrar o expressivo saldo positivo do setor de comércio, o segundo com maior saldo no mês e o primeiro nos últimos seis meses, recuperando os postos anteriormente perdidos no período crítico da pandemia em março e abril, principalmente. “Infelizmente o Novo Caged não está disponibilizando os dados totalizados das movimentações relacionadas a Renda e Porte da Empresa, como historicamente sempre aconteceu no Caged. Em função disso, momentaneamente não é possível uma análise mais precisa relacionada a tais parâmetros. Por fim, cabe registrar que os dados apresentados neste documento são os que se encontravam disponibilizados no site do Novo Caged em 05/03/2021, expressando portanto a situação vigente. Cabe alertar que no médio prazo poderão ocorrer no site ajustes nos dados que provocaram alguma variação nos números ora apresentados” – explica Rogerio Furtado.
Em virtude do agravamento da pandemia o cenário do mercado de trabalho a curto e médio prazos ainda é incerto. A expectativa para os números do mês de março é de uma queda no saldo entre as admissões e desligamentos, influenciado também pelas necessárias medidas de isolamento social adotadas tanto no âmbito estadual quanto municipal. Mantido o cenário, provavelmente o setor do comércio (varejista principalmente) poderá ser o mais afetado, com maior número de desligamentos. (GA)
