ANKE MANUELA SALZMANN
Especialista de Economia da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário
Projeções das Nações Unidas indicam que em 2050 seremos 9,7 bilhões de pessoas no mundo – dos quais dois terços viverão nas cidades e consumirão 70% de toda a energia disponível. A escassez de alguns recursos já é uma realidade em vários ambientes urbanos. A falta de água é um exemplo. Com o aumento populacional, o desafio será ainda maior! Por isso, é tão importante investirmos esforços na construção de cidades inteligentes.
Para a União Europeia, cidade inteligente é um lugar onde os recursos são utilizados de forma eficiente, a partir do envolvimento ativo dos cidadãos. Por meio de tecnologias digitais e de telecomunicações, redes e serviços são otimizados para benefício direto de habitantes e negócios. A sustentabilidade passa a ser o fio condutor no planejamento de todos os componentes.
Em Barcelona, Espanha, por exemplo, o sistema de coleta de resíduos não para! De hora em hora, escotilhas distribuídas pela cidade recolhem o material, que percorre até 70 quilômetros por tubulação subterrânea até o centro de coleta. Lá, ele é separado em reciclável e orgânico. Processado, o último retorna em forma de energia. Nessa lógica, o lixo deixa de representar uma ameaça para os ecossistemas terrestres e marinhos.
No Brasil, temos o exemplo de Laguna (CE), a primeira cidade inteligente no mundo voltada para habitação social e que deve abrigar 20 mil pessoas. Ela está em construção e contará com um sistema de coleta de resíduos inteligente, calçamento que proporciona a infiltração de água no solo, sistemas de reaproveitamento de água, irrigação otimizada conforme às condições meteorológicas, locais que produzem energia a partir de corpos em movimento, entre outros.
Existe, no entanto, um componente não tecnológico, porém fundamental em uma cidade inteligente: a natureza! As áreas verdes são a forma de conexão do ser humano à sua essência. São elas que nos lembram que não somos feitos de tecnologia e que não fomos criados para vivermos presos em quatro paredes. Estudos indicam que áreas verdes urbanas reduzem a incidência de doenças respiratórias e mentais. Espaços como parques incentivam a atividade física.
Além disso, áreas verdes urbanas amenizam os impactos negativos causados pelo homem. Elas possibilitam a conservação da biodiversidade, regulam o clima local, aumentam a qualidade do ar, reduzem o ruído, protegem contra eventos climáticos extremos (ondas de calor, enchentes e deslizamentos de encostas), entre outros.
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