O mercado de trabalho tem medo de rugas? - Rede Gazeta de Comunicação

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O mercado de trabalho tem medo de rugas?

Gregório José

Jornalista/Radialista/Filósofo

Ah, o drama do mercado de trabalho para os 50+. O que foi que aconteceu? Será que o problema está no cabelo grisalho ou nas rugas de sabedoria? Porque, sinceramente, parece que a coisa mais aterrorizante para as empresas é contratar alguém com mais de meio século de vida. Estamos vivendo um paradoxo interessante: 9 em cada 10 profissionais “maturis” (ou como dizem, os 50+), estão buscando uma recolocação, mas parece que as vagas, como os peixes no rio, estão fugindo da isca.

Pense bem: um país que envelhece, empresas que dizem querer diversidade e inclusão (com aquelas campanhas lindas no Instagram), mas, na prática, os 50+ estão jogando um “jogo do contente” para ver se chegam à aposentadoria. Mas, surpresa! Aposentar? Só se for no mundo das fábulas, porque a postergação da aposentadoria é a nova realidade. E não me entenda mal, esses profissionais não estão parados no tempo. Eles têm alto nível educacional e, acredite, 89% deles fizeram algum curso nos últimos anos. Enquanto isso, quem contrata olha o currículo e deve pensar: “Ah, esse aí já fez curso demais. Deve ser perigoso!”

E o setor de serviços? Esse ainda tem algum interesse em ter pessoas 50+ no quadro. Mas antes de se animar, saiba que apenas 33% das empresas desse setor têm mais de 5% de colaboradores maduros. Sim, 5% ou menos! Se formos mais precisos, há mais chances de encontrar um unicórnio na rua do que um colega de trabalho acima dos 50 em certas empresas.

A ironia é tão grande que 60% das empresas alegam que têm dificuldade em contratar gente com mais de 50 anos, mas 91% dessas mesmas empresas acham que a dificuldade está do lado de quem tenta ser contratado. Vai entender, né? Se as empresas acham difícil contratar, mas também acham que o problema é de quem está do outro lado, é como uma dança onde ninguém quer dar o primeiro passo.

E o que dizer dessa moda corporativa do DEI? Diversidade, Equidade e Inclusão. Parece o nome de uma banda cool de música alternativa, mas a realidade é que 42% das empresas dizem que isso nem é prioridade. Tá lá na pauta de marca, no banner bonitinho do site, mas na hora H, fica tudo no mundo das ideias.

A verdade, meu amigo, é que estamos diante de um dilema filosófico. A sociedade evolui, envelhece e, paradoxalmente, parece que o mercado de trabalho anda para trás, ou pelo menos patina no mesmo lugar. O que fazer? Ora, os profissionais 50+ devem continuar se atualizando e, claro, “não se prender às experiências do passado” (como se o mercado valorizasse qualquer coisa além de “jovialidade e inovação”). Já as empresas precisam parar de achar que abrir vagas para profissionais maduros é como colocar os Rolling Stones para tocar num show de TikTokers: estranho, mas pode ser genial!

E para aqueles que comandam o mundo corporativo e as políticas públicas: parem de tratar o tema do envelhecimento como uma jogada de marketing. A menos que a ideia seja vender cremes anti-idade.