Mara Machado
CEO do Instituto Qualisa de Gestão (IQG)
Examinar o setor de saúde através de lentes focadas nos custos revela uma tendência perturbadora. O custo per capita dos cuidados médicos, está entre os mais elevados do mundo, cresce em média 3,5% anualmente e é provável que continue a aumentar.
Historicamente, a maioria das abordagens orientadas para os custos para resolver estas questões tem dependido das intervenções governamentais para regular o mercado dos cuidados de saúde.
No entanto, o atual clima político põe em dúvida a probabilidade de que uma solução política abrangente seja implementada no Brasil num futuro próximo.
E se priorizássemos resultados de qualidade?
O debate sobre os cuidados de saúde centra-se frequentemente em duas questões principais: qualidade e custo. Contudo, devido às características únicas dos cuidados de saúde, esta relação não é tão simples como pode parecer.
O foco em resultados de qualidade alcança melhorias na saúde e reduz custos, incentivando as opções de tratamento mais eficientes e eficazes. Em vez de procurar maximizar os lucros aumentando o número de serviços prestados aos pacientes, é preciso identificar e prosseguir os planos de tratamento com melhor relação custo-benefício, e com qualidade.
A gestão da qualidade apoia a eliminação de serviços desnecessários, reduz custos administrativos e aumentam a qualidade do atendimento, o que, por sua vez, reduz custos sem ter um impacto adverso na saúde dos pacientes.
Melhorar o sistema de saúde brasileiro é uma tarefa desafiadora que requer uma compreensão profunda do quadro de incentivos que perpetua o status quo. Concentrar-se apenas na redução dos custos dos cuidados de saúde, embora pareça ser um objetivo que vale a pena, resolve apenas metade do problema.
No entanto, dar prioridade a resultados de cuidados de saúde de qualidade aborda os principais problemas do sistema de saúde e obtém custos mais baixos como consequência positiva.
É urgente uma política nacional que aborde diretamente aspectos da qualidade dos cuidados, combinado com políticas relacionadas, uma vez que afeta os custos dos cuidados. A nossa premissa é que os problemas de qualidade podem não ser o resultado de restrições de financiamento, mas as questões de qualidade contribuem significativamente para o aumento do financiamento.
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