O desafio de alinhar consumo de energia em data centers à agenda ESG - Rede Gazeta de Comunicação

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O desafio de alinhar consumo de energia em data centers à agenda ESG

ALEXANDRE NICOLAU

Especialista sênior em Data Center da Logicalis

A demanda por serviços digitais está em ebulição nos mais variados setores da economia, gerando uma avalanche de dados e necessidade premente de seu armazenamento e acesso inteligente e ágil. De acordo com estudo da International Energy Agency (IEA), o consumo de energia dos data centers continua a aumentar à medida que mais dados são armazenados e processados em nuvem.

O quadro revela a urgência por adotar medidas para tornar esses centros de dados mais eficientes energeticamente e ambientalmente sustentáveis. Afinal, o impacto ambiental dos data centers pode ser visto como um fator negativo na avaliação de empresas sob a perspectiva ESG, uma vez que muitos investidores e stakeholders consideram o desempenho ambiental de uma empresa na tomada de decisões de investimento e parcerias.

O cenário, portanto, requer melhorias urgentes em eficiência energética, sobretudo nos data centers, porque são dínamos da transformação digital e coração da computação em nuvem. Juntamente com redes de transmissão de dados, eles são responsáveis por 1% a 1,5% do uso global de eletricidade e ainda por 1% das emissões de gases de efeito estufa no mundo. Além disso, em 2021 o relatório da IEA apresentou somente os data centers como responsáveis pelo consumo de 0,9% a 1,3% de toda energia do mundo, excluindo-se dessa conta a geração de criptomoedas, destacando ainda mais a importância na busca pela eficiência.

Não por acaso, governo e indústria estão se mobilizando em direção à eficiência energética, PD&D e descarbonização do fornecimento de energia e cadeias de suprimentos para reduzir a demanda de energia e emissões na próxima década para se alinhar ao cenário Net Zero até 2050. Mas ainda é tímido este avanço. Precisamos de mais.

A boa notícia é que, segundo levantamento global realizado pelo Google Cloud, junto com a The Harris Poll, 67% das organizações no Brasil priorizam planos para reduzir o uso de energia ou migrar para energia renovável – o maior percentual registrado globalmente.

Saída pela nuvem

Uma forma de reduzir o consumo de energia é mover grande parte da infraestrutura própria para a nuvem. Muito além da redução de custos, agilidade e escalabilidade, a cloud também proporciona redução do consumo de energia, tanto que um dos seus objetivos é justamente zerar a pegada de carbono.

Para reduzir a pegada de carbono do armazenamento em nuvem, várias abordagens podem ser adotadas, uma delas é o uso de energia renovável, como energia solar, eólica, hidrelétrica e outras fontes de energia limpa para reduzir as emissões de carbono associadas ao funcionamento dos servidores.

Essa movimentação visa alcançar eficiência energética por meio de tecnologias e melhores práticas, com servidores mais eficientes, sistemas de resfriamento mais avançados, virtualização de servidores para otimizar o uso de recursos, entre outras medidas.

A consolidação de servidores é outra estratégia para reduzir a pegada de carbono. Ao migrar várias cargas de trabalho para menos servidores físicos, é possível reduzir o consumo de energia necessário para alimentar e resfriar os servidores.

Com a migração de boa parte da infraestrutura tecnológica para a nuvem, também é possível deixar de emitir cerca de 610 toneladas métricas de CO₂, que equivale ao uso de energia por mais de 5 mil casas.

Por isso, vale reiterar, que independente da estratégia adotada, a conscientização de que os data centers precisam investir em tecnologias mais eficientes e em práticas de gestão responsável é fundamental no mundo corporativo. E para estar em linha à agenda sustentável, as empresas, sem dúvida alguma, também precisarão contar com parceiros e fornecedores que sejam capazes de promover e apoiar a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.

É o futuro do uso responsável da tecnologia para a sustentabilidade dos negócios e da saúde do planeta, em linha com as exigências da agenda ESG.