GAUDÊNCIO TORQUATO
Jornalista, escritor, professor titular da USP e consultor político
Na quarta marcha, o carro, muito veloz, faz ultrapassagens, queima etapas e faz as correções para alargar a avenida eleitoral, cuja pavimentação tem início agora no segundo semestre de 2021. Mas o Senhor Imponderável sempre aparece para colocar pedras no caminho. Desta feita, os obstáculos se materializaram em um vírus mortífero, com seus filhotes, as variantes, que ceifaram a vida de quase 500 mil pessoas no país.
A pandemia trazida por estes atacantes destrói parcela da imagem dos mandatários, principalmente o do andar do chefe do Estado. São profundos os buracos na estrada, alguns fazendo estragos na suspensão do carro, como drogas sem eficácia para combater o vírus, a falta de oxigênio em praças como Manaus, o desleixo e a demora na aquisição de vacinas, a má gestão da crise. Seria possível atenuar os solavancos até outubro de 2022? Sim. Vacinas em abundância e economia jogando dinheiro no bolso das famílias.
Portanto, o que veremos, nos próximos tempos, é a busca incessante de meios e instrumentos para cooptar as massas, atraí-las para os cercados a serem construídos pelos candidatos. Cada qual se esforçará para formar uma identidade que entre na cabeça e no coração dos eleitores: a do despachante, que atende a todos os pedidos da sociedade; a do juiz, que distribui justiça para todos os lados; a do salvador de náufragos, que aparece com sua tábua de salvação; a de São Jorge, com sua espada degolando os dragões da maldade; o enviado por Deus para limpar as impurezas; o obreiro faraônico, que prometerá fazer grandes obras; o populista, que corre para abraçar as multidões; a de César, imperador romano, queixo apontando para a testa dos interlocutores, rodeado de áulicos, recebendo aplausos e dizendo mentiras.
Alguns recontarão suas histórias, passando uma borracha nos radicalismos; e outros farão o contrário, sob a intenção de criar reservas de ódio no coração dos adeptos. E todos, sem exceção, tentarão mostrar que o Brasil será um céu. Bastando que o eleitorado ajude a empurrar o carro na reta final.
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