Uma pastagem sustentável e rica em nutrientes tem impacto direto na qualidade da produção de quem investe na bovinocultura, sendo ela de leite ou corte. O problema é que nem sempre o preparo do solo que vai receber as forrageiras, parte da alimentação do rebanho, é bem feito. Foi pensando nisso que o Sistema Faemg/Senar/Inaes promoveu o curso piloto “Carbono neutro – Recuperação de pastagens degradadas” em Porteirinha.
“Este treinamento foi importante não só para a preservação ambiental, pois sabemos que o Norte de Minas tem muitas áreas degradadas, mas também para aumentar a vida útil dos pastos, fortalecendo uma das cadeias produtivas mais importantes da região. O curso valida as técnicas que o produtor rural pode usar em sua propriedade para aumentar a eficiência”, destacou o gerente regional Dirceu Martins.
Das pequenas às grandes propriedades, as pastagens encontram algum grau de degradação, que prejudica a atividade e gera até prejuízos. “A maioria das pastagens de Minas e do Brasil está degradada. O curso quer levar informações e técnicas ao produtor. Às vezes, ele até faz recuperação de pastagem, mas de forma errada. E não adianta ele fazer isso sem uma prática conservacionista junto, como uma curva de nível ou barraginha, alguma coisa para recuperar o local, manter a pastagem por mais tempo e melhorar a atividade”, destacou a analisa técnica das regionais Montes Claros e Patos de Minas, Cristiane Aparecida de Mendonça.
O curso, promovido na comunidade de Angicos, foi formado em sua maioria por participantes que passaram recentemente pelo Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Balde Cheio e que já aplicam em suas propriedades técnicas inovadoras de gerenciamento. Na parte teórica, o treinamento explicou, entre outros pontos, a fisiologia das espécies forrageiras e o uso correto de equipamentos para preparar o terreno e para o plantio das sementes. Na parte prática, os alunos aprenderam técnicas para analisar e melhorar o aproveitamento do solo. Esse conjunto de ações pode ajudar o produtor a evoluir o trabalho em campo.
Expectativa
“A pastagem é uma cultura e precisamos tratá-la com o máximo de tecnologia possível desde o início do processo. Vamos começar com a análise de solo e, logo depois, com o preparo do local, escolhendo as sementes adequadas, fazendo a adubação de plantio e correção do solo, se necessário. Tudo isso faz com que a pastagem consiga mostrar o máximo de potencial”, explicou o engenheiro agrônomo e instrutor do curso, Eugênio José da Silveira.
Sabendo dessas tecnologias, o produtor poderá fazer o manejo adequado, ajudando a pastagem a se tornar permanente, ou seja, uma cultura perene, que vai durar por vários anos. Com 11 vacas no pasto, Marcos Mendes Ladeia conseguiu ver na prática que o que vinha aplicando na propriedade não estava resultando em bons números. Ele, que já atingiu média diária de 140 litros, tem a certeza que os novos conhecimentos irão somar na atividade. “Pela experiência que tínhamos, este curso vai ser muito bom. A gente plantava capim sem noção, não tinha nenhuma análise de terra. Jogava lá e deixava. O curso agregou ferramentas para produzirmos bem e a um custo menor”.
“Há produtores que acham que jogar semente de qualquer qualidade e em maior quantidade vai formar uma boa pastagem, mas não é assim. Antes de recuperar ou até mesmo implantar, é necessário saber qual a finalidade dela”, comentou o instrutor.
Aprovação
O curso piloto foi um teste final para que os conhecimentos possam ser levados a outras cidades do estado. Para a equipe técnica, serão feitos somente alguns ajustes pontuais no formato do treinamento para que mais produtores recebam o curso. “Com certeza, as experiências de cada região serão passadas para os produtores e adaptadas conforme a realidade de cada produtor. Isso porque há vários biomas diferentes”.
A aprovação vem também de quem recebeu o treinamento. Mesmo com uma boa experiência na pecuária de leite, Charles De Gaulle Mendes, entendeu ainda mais como a atividade pode ser impactada de forma positiva se aplicado os conceitos corretos. Hoje, ele vende leite a laticínio e produz derivados. “As áreas da nossa região são muito degradadas, qualitativa e quantitativamente. A gente vem de um circulo vicioso, dos nossos ancestrais, daquela cultura antiga de plantar, às vezes, um capim de uma só forrageira sem qualidade e com várias toneladas por hectare. O curso ofereceu ferramentas para que eu possa aplicar na propriedade”. (RICARDO GUIMARÃES – Colaborador)
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