GIRLENO ALENCAR
O Norte de Minas entrou no radar da CPI da Covid que investiga irregularidades na compra das vacinas contra a Covid-19. No dia 1º de julho, a CPI da Covid no Senado apreendeu o celular do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que diz ser representante no Brasil de uma empresa privada que atuaria na intermediação de contratos de vacinas – a Davati Medical Supply. No aparelho foi encontrado mensagem onde o policial aponta que estava vendendo a vacina para várias cidades do Norte de Minas, inclusive Montes Claros e ainda com a interferência do deputado federal Paulo Guedes. Na tarde de ontem (20), o prefeito Humberto Souto nega que tenha realizado qualquer compra e afirma que foi inserido num grupo de prefeitos que estava articulando como comprar a vacina e graças a sua suspeita é que descobriu o esquema. Souto afirma que cobrou da pessoa um contato com a empresa Jonhson & Jonhson, produtora da vacina. No dia seguinte o intermediário das vendas comunicou a suspensão das conversas.
O deputado Paulo Guedes, do PT, em nota de esclacimentos, informou: “jamais participei de qualquer negociação de compra de vacinas e que desconheço as pessoas citadas na matéria da CNN Brasil. O único contato que tive relacionado a este assunto foi uma reunião virtual com a presença de alguns prefeitos do Norte de Minas, realizada no dia 20 de março, a convite do advogado Antônio Olímpio, que é filho de um amigo pessoal. Nesta reunião, o Sr. Cristiano Carvalho se apresentou como representante da empresa Davati para venda de vacina. Ali fizemos muitos questionamentos e, é claro, não houve nenhuma negociação. Três dias depois, em 23 de março, o próprio advogado informou por Whatsapp que teria descoberto que se tratava de uma empresa de fachada, pediu que os prefeitos desconsiderassem aquelas propostas e tudo acabou ali mesmo”.
O parlamentar destacou ainda: “Deixo muito claro que, como todo brasileiro, quero que em breve toda a população esteja vacinada, e enquanto deputado federal eleito pelo Norte de Minas, também estou trabalhando para ajudar os municípios a vencer esse momento dramático, mas isso precisa ser feito com lisura e responsabilidade. Permaneço à disposição para qualquer outro esclarecimento e, para que não fique nenhuma dúvida, seguem em anexo a carta e o áudio enviados pelo advogado Antônio Olímpio, em 23 de março de 2021, quando todo o assunto foi encerrado”.
O deputado divulgou uma carta que recebeu de Antonio Olímpio, onde ele informa que “Há aproximadamente duas semanas fomos procurados pelo Sr. Cristiano Carvalho, representante da Davati Medical, o mesmo se apresentou como representante para vendas de vacina da Jhonson & Jhonson, inclusive foi apresentado documentos e negociações com grandes prefeituras, como a de São Paulo (maior cidade da América Latina), em diversas reuniões por vídeo conferência o Sr. Cristiano Carvalho foi taxativo em afirma que após o contrato assinado com a farmacêutica em até 72 horas as vacinas seriam entregues no Brasil.
“Como não havia pagamento antecipado e toda documentação apresentada nós passava um grande grau de confiabilidade, iniciei juntamente com o Sr. Isaias, meu cliente e pessoa da mais alta estima e confiança, as tratativas com os municípios para adquirir as vacinas da Janssen. Mobilizamos um grande número de prefeituras em Minas e em São Paulo, confiantes que as tão sonhadas vacinas chegariam a nossas cidades para acabar de vês com esse vírus brutal. Contudo a mídia divulgou algumas matérias falando sobre a dificuldade do mundo em adquirir vacinas e em uma delas mencionou a dificuldade da Jhonson & Jhonson em cumprir sua meta para o mês de março, que seriam 30 milhões de vacinas, com isso comecei a desconfiar que a Davati Medical, através do seu representante Cristiano Carvalho não teria essa disponibilidade de vacina, que segundo o mesmo seria mais de 100 milhões de doses”.
“Com isso entrei em contato com o Sr. Roger Patti, Diretor Nacional de Contas estratégicas da Janssen Farmacêutica, o verdadeiro responsável pela comercialização da vacina da Jhonson & Jhonson no Brasil, funcionário de carreira da Jhonson & Jhonson.
O mesmo muito solicito me explicou que por enquanto as vacinas Janssen estão disponíveis apenas para os governos a nível federal, ainda não sendo possível a comercialização para os municípios, e explicou que desconhece qualquer pessoa habilitada a negociar vacinas no Brasil. Me informou que de fato a Janssen tem recebido muitas intenções de compra dos municípios contudo nenhuma tratativa pode avançar por hora”.
“Ele colocou seu telefone e email a disposição para ser repassado a todos os municípios que queriam mais informações a respeito da vacina, e que assim que for possível a venda para os municípios ele entrará em contato. Vou disponibilizar o Contato e o email dele no final da mensagem. Com isso em nome de Antônio Olímpio, Isaias Nunes, Sidney Olímpio e todos os envolvidos que acreditaram que a tão sonhada vacina chegaria para os municípios, fica o nosso pedido formal de desculpa, em nenhum momento com todas as informações e documentos que nos foram apresentados imaginaríamos que se tratava de apenas especulação. Fica o aprendizado e o alerta que só devemos negociar compra de vacinas diretamente com o laboratório. Mais uma vês apresentamos nossas sinceras desculpas”.
Humberto Souto afirma que ficou atento com as facilidades
O prefeito Humberto Souto salientou na tarde de ontem (20) que desde quando apareceu a primeira vacina contra a Covid-19 que manifestou interesse em comprar o produto para imunizar os montes-clarenses. Por isso, se habilitou junto a Frente Nacional dos Prefeitos. Ele lembra que tomou conhecimento dessa articulação de alguns prefeitos do Norte de Minas para comprar a vacina e por isso, decidiu fazer alguns questionamentos. Foi informado que bastaria o município preencher o formulário e receberia a vacina ao custo de Us$ 11,00 dólares por dose. Souto explica que achou muita facilidade na proposta, pois sabia da dificuldade e ainda da decisão das empresas produtoras de venderem apenas para o Governo Federal.
O prefeito esclarece que pediu ao interlocutor um contato com a Jhonson & Jhonson e recebeu os dados. Porém antes mesmo de fazer a ligação, recebeu a correspondência desse interlocutor desfazendo a proposta. O montes-clarense acredita que não ocorreu nenhum problema, pois não foi realizada qualquer compra oficial, o produto não foi entregue, não ocorreu qualquer pagamento. A conversa não é crime. Ele descarta qualquer possibilidade de tomar alguma providência judicial, diante de não existe nada, que desabone o que ocorreu. O prefeito afirma que não foi procurado por qualquer órgão de comunicação com pedido de esclarecimentos, pois faria isso sem qualquer problema.
Nota de esclarecimento
A Prefeitura de Montes Claros divulgou nota de esclarecimento na tarde de ontem (20), sobre suposta compra de imunizantes contra a Covid-19. A nota afirma que “desde o início da pandemia, o Município de Montes Claros pautou sua atuação no combate à Covid-19 buscando a preservação da vida de seus cidadãos, sempre de forma clara e transparente. Já em maio de 2020, através do Decreto Municipal 4039, foi determinado que todas as compras e contratos da área da saúde, voltados ao enfrentamento da doença, fossem disponibilizados em Portal de Transparência, na internet, de modo a permitir que qualquer um pudesse acompanhar os gastos públicos”, destaca.
A nota descreve ainda que “todos os contratos são públicos e acessíveis. É verdade que alguns intermediários chegaram a oferecer vacinas ao Município. Contudo, ante a falta de credibilidade das propostas e das condições, nenhum procedimento inicial para aquisição foi adotado. O Município não adquiriu nenhuma vacina ou iniciou procedimento de aquisição. Todas as doses aplicadas no Município vieram do Programa Nacional de Imunização, através do Governo Federal”. (GA)
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