Mulheres da comunidade rural de Mato Seco falam sobre suas histórias de vida - Rede Gazeta de Comunicação

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Mulheres da comunidade rural de Mato Seco falam sobre suas histórias de vida

JOYCE ALMEIDA

Hoje é comemorado no mundo inteiro, o Dia Internacional da Mulher. Essa figura guerreira que é tão carregada de força e perseverança é, ao mesmo tempo, fonte de muito amor e ternura. Não é segredo que a mulher deve ser valorizada – não só hoje, como em todos os dias – ela deve ser cuidada, amada e, sobretudo, muito respeitada.

Cada uma carrega uma vida cheia de desafios e superações, desde os primeiros anos de vida até começarem a se desenvolver como pessoa. Seja dentro de casa, na escola, no trabalho, na igreja ou onde estiver, a mulher sempre desempenha importantes papeis em cada canto do mundo.

Como forma de homenagear e enaltecer todas as mulheres, apresentamos as histórias de Maria Luiza Santos e Maria Helena de Santana, personalidades de grande importância e afeição por parte da população na comunidade rural de Mato Seco, em Montes Claros. Essas duas mães enfrentaram muitas dificuldades e vivenciaram muitas alegrias, tendo suas vidas fortalecidas pela fé, ajudaram no desenvolvimento da igreja da comunidade.

Maria Luiza Santos é natural de Montes Claros, casada, mãe de três filhos e avó de três netos, já foi moradora do bairro São Judas e, há 11 anos, se mudou para a zona rural. “Atualmente estou residindo na roça e participo da comunidade na igreja Santa Rita, servindo ao Senhor. Venho de uma geração de pessoas católicas que sempre se dedicaram muito a Deus, tanto os meus filhos, como os meus pais e os meus tios, todos sempre me incentivaram bastante durante a minha adolescência para que eu seguisse em um caminho correto”, conta.

Segundo a moradora, sua vida foi muito feliz com sua família e admira a boa educação que recebeu dos pais. “A minha infância com minha família foi muito boa, não tenho nada do que reclamar. Meus pais sempre me incentivaram a estudar, estudei nas escolas Dulce Sarmento e Dona Vidinha Pires, só não me formei no primeiro grau. Logo me casei e tive meu primeiro filho, então não quis me envolver mais com os estudos. Meus pais também me levavam na igreja e eu sempre seguia conforme eles me ensinavam. Eles me deram uma educação muito correta, tudo o que meus pais falavam tínhamos que obedecer, o que contribuiu para eu ser essa mulher direita, hoje, mãe e avó. Minha relação com os meus irmãos também sempre foi bastante amorosa”.

Maria Luiza começou a trabalhar ainda na sua adolescência, por volta dos 17 anos ela já lavava as roupas de outras pessoas e também se casou. Aos 19 anos, ela se tornou mãe e enfrentou dificuldades. “Quando tive meu primeiro filho foi bem difícil para eu conseguir ajudar no crescimento dele. Meu marido trabalhava sempre viajando como entregador de matéria prima. Muitas vezes fui com ele, e através disso conheci vários lugares. Meus filhos não nos acompanhavam porque quando resolvi viajar eles já eram bem crescidos, então costumavam ficar aos cuidados da minha mãe, que já faleceu”, relata.

Depois de morar por muitos anos na cidade, Luiza e seu marido Luiz Carlos resolveram se mudar para a zona rural. “Por volta dos meus 50 anos de idade, decidi vir morar na roça porque senti a necessidade de me afastar da cidade, pois estava se tornando um ambiente muito agitado para mim. Meu esposo e eu também frequentamos a cidade, não ficamos somente aqui. Me sinto muito bem morando na roça, é um lugar muito bom, tranquilo. Meus filhos costumam me visitar sempre”.

A religiosa se considera uma mulher forte, que apesar da saúde debilitada, ainda se sente preparada para vencer qualquer obstáculo, graças à influência das figuras femininas presentes na sua história. “Me sinto uma mulher guerreira graças a Deus, porque não tenho preguiça de enfrentar qualquer serviço. O que hoje me atrapalha é o meu problema de saúde, se eu estivesse mais saudável seria outra mulher. Mas infelizmente veio a diabetes que me derrubou”, afirma e conclui: “tanto minha mãe quanto outras mulheres em minha vida sempre estavam do meu lado, me inspirando e ensinando, fazendo de tudo para eu crescer. Então, hoje em dia me sinto mais forte, pois ainda consigo enfrentar qualquer coisa, ao mesmo tempo em que me sinto fraca porque já estou com 64 anos, e a idade vai cada vez mais me decaindo. Porém, tenho certeza de que fui um ótimo exemplo de mulher, pois nunca tive nenhum vício e sempre fui dedicada a Deus e à família. Acredito também que dei uma boa educação para os meus filhos”.

Outra personagem muito querida, Maria Helena de Santana nasceu em Espinosa e foi criada em Montes Claros, quando criança se mudou para o Mato Seco e enquanto foi crescendo no local, se tornou um dos principais pilares da comunidade. “Sou filha de Salvador Alexandre de Santana e Elisa Lima. Fui criada em Montes Claros, desde meus quatro anos de idade. Aqui me criei, me transformei e constitui a minha família. Entre o ano de 1983 e 1984, fui para a comunidade de Mato Seco, e lá sempre fiz tudo que quis fazer. Na época, tinha bastante mato e poucas casas, as que existiam eram feitas de rancho. Gostei tanto de lá que, a princípio, era para passear durante alguns dias, e acabei morando por 38 anos e nunca me mudei”, relata.

A aposentada foi responsável por levar a cultura e as atividades da igreja católica para a comunidade, para que os moradores do lugar conseguissem exercer a fé. “Com o tempo consegui fundar a igreja na comunidade, pois os moradores que queriam frequentar uma missa tinham que ir para Santa Bárbara; para batizar tinham que vir para a cidade; ainda consegui levar o casamento comunitário. Através disso, servi na Pastoral da Criança e do Idoso e assim fui exercendo um papel na comunidade, e embora os moradores me considerassem alguém importante, eu não acredito que tenha feito mais do que deveria ser feito e mais do que a minha obrigação. Me sinto honrada por ser madrinha de todos ali no Mato Seco, e os que não são afilhados de verdade, eu os considero afilhados de coração”, conta Maria Helena que batizou e formou muitos moradores da região.

Helena é mãe de quatro filhos, avó de nove netos e possui cinco bisnetos. Aos 79 anos de idade, ela se sente grata por tudo que já viveu. “Minha história é bem longa. Deus me deu de presente a minha família e agora só tenho que curti-los e aproveitar bastante com eles. Ainda assim, mesmo que eu tenha vindo morar na cidade para cuidar da saúde, Mato Seco continua sempre em meu coração”, conta.

Maria Helena finaliza enaltecendo e parabenizando as mulheres. “Ser mulher para mim é lindo! Viva as mulheres, porque somos o que queremos ser, podemos tudo na vida! Os papeis desempenhados por nós são maravilhosos, principalmente ser mãe, ser avó e bisavó nem se fala, é sempre um presente de Deus. Um beijo a todas as mulheres”. (Sob supervisão de Stênio Aguiar)