GIRLENO ALENCAR
Morreu ontem em Montes Claros, João Pimenta dos Santos, popularmente conhecido como “Mestre Zanza” e um dos maiores ícones do folclore de Minas Gerais. Com 88 anos de idade, ele será enterrado hoje no Cemitério do Bonfim. O seu corpo foi encontrado às 7 horas da manhã de ontem pelo seu filho, Junior, que dirige e criou o Museu dos Catopês. Na quinta-feira, Mestre Zanza sentiu os impactos da diabetes e foi levado ao hospital, quando foi tratado e liberado. Nos últimos anos ele deixou de participar dos desfiles, seja por causa da pandemia ou mesmo os impactos de uma queda.
O seu corpo está sendo velado na sede da Associação dos Grupos de Folclore, no bairro Morrinhos, onde ele reside nos últimos 35 anos.
As Festas de Agosto é a principal manifestação cultural e religiosa de Montes Claros. É realizada desde 1824, antes mesmo da emancipação de Montes Claros, que ocorreu em 16 de outubro de 1832. A partir de 1982 a parte religiosa passou a ter agregada com o Festival Folclórico, com a realização de shows na praça da Matriz, em espaço aberto para grupos tradicionais de todo Norte de Minas. Zanza comandava um dos três ternos de catopés de Nossa Senhora do Rosário. Ele lembrava que começou a ser catopé desde os dois anos de idade, levado pelo seu avo, que era escravo. Garante que ao nascer, sua mãe fez uma promessa e o entregou a Nossa Senhora do Rosário.
O secretário de Cultura, João Rodrigues, disse que o mestre Zanza deixa um grande legado para a cultura de Montes Claros. “Ele deixa a maior manifestação da nossa cultura tradicional, ele que manteve essa representação e deixa a força dessa representação como legado. É uma perda enorme para a cultura. Além do que representava como chefe de um dos grupos de catopês, era presidente da Associação. Foi quem lutou para que essas manifestações se fortalecessem”, destaca Rodrigues.
