Morre criador do Movimento Catrumano e do Ecocrédito - Rede Gazeta de Comunicação
Morre criador do Movimento Catrumano e do Ecocrédito

GIRLENO ALENCAR

Morreu na madrugada de sábado, vítima de câncer, o secretário municipal de meio ambiente de Montes Claros, Paulo Farias Ribeiro, de 61 anos, filho do ex-prefeito Mário Ribeiro e de Jaci Farias Ribeiro; e, ainda, sobrinho de Darcy Ribeiro, que deixou como maior legado o Movimento Catrumano, criado em parceria com o jornalista Paulo César Almeida Junior; e a Associação dos Municípios da área mineira da Sudene (Amams), de valorização do Norte de Minas no contexto estadual e que provocou a criação do Dia dos Gerais. Paulinho Ribeiro não conseguiu ver o seu maior sonho, de ver a construção da Capela cujo projeto foi elaborado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer e que seria construído no campus da Unimontes – em homenagem a Darcy Ribeiro. No ano de 2009, a Prefeitura de Montes Claros até iniciou as conversas para fazer a obra, mas desistiu em razão do alto valor.

No ano de 2007, Paulo Ribeiro marcou sua vida por três ações básicas: a criação da Expedição Caminhos dos Gerais, para alertar sobre os danos ambientais no Norte de Minas. Uma das rotas foi percorrer todas as estações ferroviárias abandonadas do Norte de Minas. No mesmo ano ele criou o Vale Verde, onde os moradores dos bairros da periferia podiam viajar no transporte coletivo urbano sem pagar tarifa, aos domingos, para se deslocar ao Parque Municipal Milton Prates. E, por fim, criou o Ecocrédito, onde o produtor rural que preservasse o meio ambiente e principalmente as nascentes, recebia um valor por ano por cada hectare. Esse modelo foi implantado depois em Minas Gerais.

Faz três anos que Paulo Ribeiro lutava contra o câncer, que se agravou nos últimos meses e levou a Câmara Municipal de Montes Claros a, de forma inédita, realizar uma sessão inédita, da entrega da maior comenda do município, a Medalha Ivam José Lopes, ao secretário municipal Paulo Ribeiro, no sítio onde ele residia ultimamente. Foi nesse local que Paulo Ribeiro faleceu, à 1h da madrugada. Sempre polêmico, Paulo Ribeiro criou uma relação muito forte de amizade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, onde chegou a realizar, em Montes Claros, o Encontro dos Povos Tradicionais, em homenagem a Lula. Lula era amigo pessoal de Darcy Ribeiro. Na sexta-feira foi espalhada notícia da sua morte, em atitude que revoltou sua família, por que a origem veio de adversários políticos. Paulo Ribeiro teve de ir às redes sociais negar seu falecimento.

Desde o ano de 2017, quando reassumiu a secretaria municipal de Meio Ambiente, indicado pelo prefeito Humberto Souto, que Paulo Ribeiro criou o projeto “Montes Claros, Cidade Verde”, com a criação de parques municipais e plantio de árvores, como forma de aliviar os impactos do forte sol na cidade. Em cada parque, sempre criava  área para a prática do Cooper. Porém, no ano de 2007 criou o Parque Estadual da Lapa Grande, o maior em área urbana do Brasil, para preservar as lapas do local. Também criou o Parque Belvedere e Sagarana. O deputado Carlos Pimenta anunciou que entrará com projeto ainda hoje (26) para o parque levar o nome de Paulo Ribeiro. Na secretaria municipal de Meio Ambiente, os nomes mais cotados para dar continuidade aos seus trabalhos são de Anildes Evangelista e Eduardo Gomes, que sempre o acompanharam na área ambiental.

O curioso é que, em 2017, depois de empossado, o primeiro ato de Paulo Ribeiro foi fechar o Jardim Zoológico de Montes Claros, onde existia denúncia de maus tratos aos animais e de mortes. O seu estilo rompante, de fazer as coisas aconteceram, sem muito “mimimi”, o levou a bater de frente contra muitos. Quem invadia área de preservação ambiental, tinha a reintegração de posse cumprida na hora. Nos últimos tempos passou a direcionar seus esforços para fazer a Copasa a repassar 0,5% do que está no contrato de concessão pelo rendimento com a concessão de água e esgoto da cidade, por usar a água do sistema Pai João. No ano de 2018, teve de engolir em seco a quebra da Lei do Silêncio, em Montes Claros, pois uma lei municipal aumentou a permissão dos decibéis.

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